São Paulo - O presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, estabeleceu um prazo para que a Liga Rio-São Paulo seja organizada: dia 19 deste mês, ou seja, quarta-feira da semana que vem. Se isso não ocorrer, ele diz que partirá para a realização do Paulistão- 2002 com todos os clubes.A Liga ficaria para 2003.
Na proposta de criação da entidade, Farah aparece como presidente. Ele diz que os clubes do Rio já aderiram à Liga e assegura que em São Paulo não enfrentará maiores problemas.
Na entrevista que segue, Farah considera que o novo calendário do futebol, apresentado pelos ‘‘notáveis’’, não é estático e, portanto, pode sofrer alterações. Ele acredita que algumas competições podem ser compactadas e outras aumentadas. Ele comenta também as denúncias contra Ricardo Teixeira e garante que sairá mesmo da FPF no ano que vem.
L!: O sr. acredita que a CPI vai levar a uma mudança na legislação do esporte?
Eduardo Farah: Sim. Deve surgir uma nova legislação, por proposta da CPI do Senado, que vai mudar muito o que está acontecendo no futebol, em termos administrativos. Eu entendo que uma regra como a dos mandatos de três anos e uma única reeleição pode é muito boa para essa transição.
L!: O sr. se sente com apetite para assumir mais três anos, agora na Liga Rio-São Paulo?
F: Sinceramente não sinto. Eu fui convidado por presidentes de clubes. E aceitei. Mas não gostaria de aceitar. E não serei candidato à reeleição da Federação. Meu mandato acaba no ano que vem, em dezembro. Vamos fazer a eleição em julho ou agosto. Eu espero que o presidente eleito assuma logo a vice-presidência de Finanças para que tome conhecimento da Federação até a sua posse.
L!: Como o sr. vê o novo calendário proposto pelos ‘‘notáveis’’?
F: Terá que ser aperfeiçoado. Não é um calendário definitivo. Acredito que as linhas mestras serão mantidas, mas haverá mudanças. Talvez uma compactação de algumas competições e uma abertura maior para outras... O calendário não é, na minha ótica, algo absolutamente estático. Da mesma forma, acho que as ligas vão nascer imperfeitas e serão aperfeiçoadas ao longo do tempo.
L!: Como o sr. está vendo a situação da CBF e do presidente Ricardo Teixeira? Seria melhor uma renúncia?
F: As denúncias de ordem pessoal competem ao Ricardo Teixeira esclarecer. As denúncias contra a entidade, ele vai ter que demonstrar que foram equívocos ou, se aconteceram, ele corrigir. A entidade não pertence ao sr. Ricardo Teixeira, mas aos clubes e Federações. Para que a entidade tenha uma liderança tranqüila, respeitada, ele terá que contar o lado da história que ainda não contou.
L!: O sr. diz que foi convidado pelos clubes a assumir a Liga Rio-São Paulo, mas há quem diga que muitos deles estão resistindo a seu nome e se recusando a assinar a criação da entidade. Há a informação de que a Hicks, parceira do Corinthians, seria contra. Isso procede?
F: Do outro lado da minha sala, neste momento, estão o presidente da Hicks e o do Corinthians. A sede da Liga já foi alugada, no meu nome, no do Mustafá Contursi (Palmeiras) e no de outro dirigente que ainda não tenho autorização para divulgar. E o colunista Juca Kfouri disse no Lance! que o Mustafá não assinaria... Mas, desde logo, digo que não há nenhum compromisso dos clubes de que eu seja o presidente. Fui convidado e aceitei. Mas posso não aceitar a qualquer momento. Só que tudo terá que se definir até 19 de setembro. Se não definir, no dia 20 eu convoco um Conselho Arbitral do Paulistão-2002 e todos os clubes jogarão o Paulistão. O assunto liga ficará para 2003.
L!: Isso não poderia gerar um conflito com outras esferas, caso da Globo, por exemplo, que está trabalhando com o novo calendário?
F: Nós temos contrato com a Globo até 2002. Contrato fechado durante a minha gestão. Se você analisar as declarações da CBF, ela declara que não vai autorizar nenhuma liga. Então, o conflito já está posto. Por isso está surgindo um decreto-lei que autoriza a existência de ligas independentemente da autorização da CBF. Mas eu sou favorável ao diálogo. Eu acho que a CBF, a entidade máxima do futebol, a única que poderá se filiar à Fifa, deve conviver perfeitamente com as ligas. Elas são como apêndices e não trarão problema nenhum. Da minha parte, não vou criar nenhum impedimento para a Liga Rio-São Paulo, mesmo que não seja o presidente. O que eu estou dizendo é que, se tiver uma mudança na rota desses acontecimentos, a Liga Rio-São Paulo só vai se consolidar em 2003. A organização da competição, para ser bem feita, tem que começar, na pior das hipóteses, a partir do dia 20.
L!: Como os clubes do Rio estão se relacionando com a possibilidade de o sr. ser o presidente da Liga?
F: A presidência será, por um determinado momento, de São Paulo, e a vice, do Rio. Teremos um Comitê Executivo com dois membros de São Paulo e dois do Rio. Os clubes cariocas definitivamente querem a Liga, embora o presidente da Federação do Rio brigue pelo seu Estadual.
L!: Ele poderá criar dificuldades?
F: Ele não vai fazer nenhuma loucura.
L!: O Estadual do Rio sem os grandes, como está previsto no novo modelo, ficaria muito fraco perto do de São Paulo.
F: Ficaria fraco. Ele teria que conciliar para que os grandes jogassem o Estadual e também o Rio-São Paulo. Não sei como poderia fazer, mas talvez ele possa.