Assunção - O goleiro José Luis Chilavert rejeitou a possibilidade de que a seleção paraguaia de futebol viaje a Caracas para seu próximo jogo contra a Venezuela em um vôo charter do avião presidencial de seu país, que quase não foi usado neste ano.
"Nós não somos coelhinhos da Índia para que nos usem para provar um avião que faz muito tempo que não voa. Todo o mundo sabe que um avião deve voar constantemente para que se mantenha em boas condições", disse Chilavert, numa entrevista publicada hoje, quarta-feira, pelo jornal paraguaio "Ultima Hora".
O goleiro, jogador do Racing de Estrasburgo, na França, disse em entrevista por telefone que "é inadmissível" que queiram levar a seleção em uma aeronave que nem o presidente Luis González Macchi utiliza para suas viagens oficiais.
"Os que deveriam entrar nesse avião são os militares e os políticos de nosso país", sublinhou Chilavert, sempre muito crítico em relação à classe política, que ele responsabiliza permanentemente pela corrupção generalizada nas instituições estatais e pelo alto índice de pobreza do Paraguai.
O avião é um Boeing 707 que pertenceu à privatizada Linhas Aéreas Paraguaias S.A. (LAPSA) - hoje Transportes Aéreos do Mercosul (TAM) - e foi reacondicionado para o uso presidencial durante o Governo de Juan Carlos Wasmosy (1993-98), com um investimento de cinco milhões de dólares.
Em sua nova condição de aeronave presidencial, acumulou a maior parte de suas horas de vôo em 1998 (78 horas), e sua viagem mais longa foi a que fez à França para levar um grupo privilegiado de torcedores para ver o jogo entre a França e o Paraguai durante a Copa de 98, disputado em 28 de junho daquele ano.
Também por motivos esportivos, o Boeing 707 voou em 1998 para Cali (Colômbia) e Guaiaquil (Equador), levando equipes paraguaias para disputar partidos da Copa Libertadores da América.
As seleções da Venezuela e do Paraguai se enfrentarão no próximo dia 8 de novembro, em San Cristóbal, na décima sétima e penúltima rodada das eliminatórias sul-americanas para a Copa de Coréia e Japão em 2002.
A Associação Paraguaia de Futebol ainda não definiu se utilizará aviões comerciais para transportar a sua equipe, embora desde o princípio levantou a possibilidade de recorrer a um vôo charter, possivelmente um avião da Força Aérea Argentina.