Rio - Durante o depoimento que o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, prestou nesta terça-feira à CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, os senadores cobraram do dirigente os documentos solicitados ao clube sobre a gestão de Edmundo.
A CPI tinha pedido ao dirigente durante seu primeiro depoimento, no dia 30 de agosto, a documentação relativa à contratação do meia Petkovic. Mas já se passaram 60 dias sem que a Comissão recebesse o que pediu. Segundo Althoff, a CPI pediu estes documentos para saber se o Flamengo deu dinheiro a empresa Picoline, que teria intermediado a negociação de Petkovic, e se pagou os 15% ao jogador.
A CPI descobriu que o Flamengo teria pago US$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 16 milhões) pelo passe do jogador ao Venezia, da Itália, que foi depositado em contas sediadas em paraísos fiscais. O problema é que o clube italiano diz só ter recebido US$ 4,5 (aproximadamente R$ 12 milhões).
Althoff também quis saber se o Flamengo pagou duas vezes pelo direito de imagem do jogador e se o atleta mentiu quando foi prestar depoimento na Polícia Federal. A CPI recebeu fita que traz gravações comprovando irregularidades na negociação entre a Picoline e o Flamengo.
Edmundo disse que o jogador abriu mão dos 15% a que tinha direito na negociação e permitiu que o clube usasse seus direitos de imagem. Tudo em troca de US$ 1,5 milhão (aproximadamente R$ 4 milhões). Ele assegurou que a transação foi feita de forma legal e confirmou que a ISL Internacional pagou todas as despesas desta negociação. O dirigente negou que o Flamengo tenha ajudado Petkovic a comprar um apartamento na Barra da Tijuca. Edmundo prometeu enviar todos os documentos pedidos pela CPI em 48 horas.
Sobre a fita recebida pela CPI o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) manifestou preocupação com a autenticidade dela e teme que ela esteja expondo indevidamente o presidente do clube, Edmundo Santos Silva, e sujeitando os senadores à possibilidade de uma farsa. O presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PDT-PR), explicou que as fitas foram degravadas por funcionários de áudio do Senado e estão sendo encaminhadas à Polícia Federal para perícia.
Sobre a atual dívida do Flamengo, Edmundo disse que foi uma herança de diretorias passadas e que atualmente ela está na casa dos R$ 135 milhões. "Não posso admitir que digam que esta dívida do Flamengo foi feita na minha gestão. Até porque paguei boa parte dela. Paguei a jogadores como Renato Gaúcho e Wilson Gottardo e espero pagar logo a outros, como Júnior", afirmou Edmundo.