Rio - Não adianta querer fugir do estereótipo. Peso pequeno tem um presidente intelectualizado que discursa no idioma local na França e nos Estados Unidos. Para os estrangeiros dos quatro cantos do mundo, o Brasil é o país do futebol, do café, do Carnaval e acima de tudo de Pelé. É esta a imagem refletida pela pesquisa da Sensus, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes. O estudo - com perguntas induzidas - ouviu cerca de 9 mil pessoas em 22 países, inclusive o Brasil.
O que se vê no espelho pode desagradar a quem acreditava ser possível deixar para trás a imagem de país exótico, quase uma marca de nascença brasileira. E não é culpa da herança indígena, nem da exuberância tropical. A visão de nativos caminhando com arcos e flechas em meio a uma verde e densa floresta vem a cabeça de apenas 6% de entrevistados. O item ficou acima dos dois pontos percentuais somente entre alemães, americanos, ingleses, australianos e suecos. No mais, é futebol e Carnaval. Tirando franceses e alemães, preocupados com a pobreza e a miséria das terras tropicais.
O rei - Mesmo assombrados pelo fantasma da não classificação para a Copa do Mundo, os jogadores profissionais ainda são os brasileiros mais conhecidos no mundo. É exemplar que o mais famoso, Pelé, esteja associado à era de ouro do futebol brasileiro. Mas há os que não se desencantam, como os sul-africanos e os sírios, que, por uma estreita margem, consideraram Ronaldinho mais popular. O curioso é que nos Estados Unidos, onde Ayrton Senna é quase um Zé Ninguém, a popularidade de Fernando Henrique esteja em alta. Ele só perde para Pelé.
Ao menos, a imagem de Zé Carioca - personagem pouco afeito ao trabalho e muito esperto, criado por Walt Disney - parece estar desaparecendo. Para a maioria, o povo brasileiro é trabalhador e confiável. Somente israelenses e portugueses tem a visão oposta.
Subdesenvolvidos - Por mais que o termo emergente tenha sido incluído no vocabulário econômico pós-globalização, há quem ainda coloque o Brasil no rol dos subdesenvolvidos. Para os nigerianos, com renda per capita de US$ 310 - a menor entre os 22 países escolhidos para a pesquisa -, somos desenvolvidos. Porém para italianos, japoneses, mexicanos e indonésios somos mesmo é sub. Menos mal que para eles o café ainda seja o principal produto de exportação brasileiro. Foi-se o tempo. Hoje, o ouro negro perdeu o brilho e ocupa apenas o nono lugar. Pelos dados do Ministério do Desenvolvimento, o Brasil é o país da soja.
Apesar da imagem exótica, numa coisa os brasileiros não estão sozinhos. Como quase todos os países pesquisados, por aqui, teme-se que a imigração possa causar o desemprego dos nativos. Somente na Suécia, essa correlação não é feita. E mais. Quando o assunto é política de imigração, o Brasil surge como um país altamente intolerante. É aqui um dos países onde a proibição da imigração mais ganha força.
Nesse item, os brasileiros estão em segundo lugar - atrás da Índia e à frete da África do Sul. Por outro lado, quando se tornam imigrantes, os brasileiros costumam ser bem aceitos. A menos que optem por viver na Coréia do Sul ou na Argentina. É o que mostra a pesquisa. Para conferir, pode-se acessar a internet www.cnt.org.br.
Confira a tabela da pesquisa com as respostas de cada país