Rio de Janeiro - A Procuradoria do Rio de Janeiro apresentou a um juiz penal uma acusação por fuga de capital contra o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, informou nesta sexta-feira, a imprensa.
Trata-se, segundo destacou o jornal "O Globo", da primeira denúncia penal feita contra o dirigente desde que o Senado aprovou, há duas semanas, um relatório no qual pede uma limpeza dos organismos reitores do futebol brasileiro e no qual acusa o presidente da Confederação por 27 irregularidades.
Em seu relatório, o Senado pede à procuradoria e à polícia que abra investigações penais contra 15 dirigentes de clubes e de federações de futebol, principalmente Teixeira, por sua responsabilidade em delitos como evasão fiscal, fuga de capitais, falsificação e enriquecimento ilícito.
Na acusação formal apresentada na quinta-feira ao VI Juizado Penal Federal do Rio de Janeiro, a Procuradoria afirma que dois empréstimos de 11,5 milhões de dólares obtidos pela Confederação Brasileira de Futebol em março passado funcionaram como disfarce para dar aparência legal a uma operação irregular de envio de dinheiro ao exterior.
A acusação responsabiliza Teixeira, o vice-presidente de marketing da CBF, José Carlos Salim, e o secretário-geral da entidade, Marco Antonio Teixeira, que é sobrinho do primeiro.
Pouco depois de receber a denúncia, a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho autorizou a suspensão do direito ao sigilo bancário dos três acusados, segundo informou "O Globo".
Depois de um trabalho de mais de um ano, a comissão do Senado que averiguou várias irregularidades no futebol apresentou este mês um relatório que inclui provas contra Teixeira, outros 14 dirigentes, um agente e um técnico de futebol.
Além de Teixeira, que preside a Confederação há 12 anos, o relatório acusa de diferentes delitos Eurico Miranda, presidente do clube Vasco da Gama, Edmundo Santos, presidente do Flamengo, o ex-técnico da seleção Vanderlei Luxemburgo, o empresário Reinaldo Pitta e os presidentes das federações de São Paulo e do Rio de Janeiro.
As investigações indicam que o presidente da CBF, além de aumentar de forma suspeita seu patrimônio pessoal desde que assumiu o cargo, usou cerca de US$ 40 mil da entidade para pagar despesas pessoais.
A renúncia de Teixeira ao comando da Confederação e a antecipação das eleições para presidente da entidade, de 2003 para fevereiro de 2002, foi defendida pelo ministro brasileiro de Turismo e Esportes, Carlos Melles, e por personalidades como o ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.