Rio - O presidente do Vasco, Eurico Miranda, decidiu se pronunciar pela primeira vez depois do episódio da expulsão de Roberto Dinamite da Tribuna de Honra de São Januário, durante a partida do clube contra a Ponte Preta.
Em entrevista a Rádio Globo, do Rio de Janeiro, o dirigente tratou, primeiramente, de retificar o termo expulsão, utilizado por toda a imprensa ao notificar o caso. "O que houve foi uma solicitação para que ele se retirasse", amaciou.
"A questão é simples: a Tribuna de Honra de São Januário tem 68 lugares e seu acesso é feito exclusivamente por convite. Isso não é de hoje. O Roberto antes do jogo se dirigiu até a Tribuna e foi avisado de que não poderia ficar porque não tinha convite. Ele foi para outro lugar. Depois ele se encontrou com o Calçada que, passou por cima da minha ordem, e o chamou de volta", tentou explicar o dirigente.
Segundo Eurico, Dinamite foi usado politicamente pelo ex-presidente Calçada, hoje presidente de honra do clube. "O Calçada não quis dar 10 passos para me avisar e pedir. O Roberto entrou nessa como boi-de-piranha. Mas, é bom que fique bem claro que isso poderia ter acontecido com qualquer um".
E prosseguiu. "Não estou discutindo se ele é ídolo ou não. Ele é um ídolo do Vasco. O episódio é um problema de política interna, não vou deixar ninguém fazer disso um problema político-partidário".
Antônio Soares Calçada contestou a versão de briga política. "Não sabia que o Roberto já havia sido avisado de que não poderia ficar na Tribuna. Se soubesse, não iria querer afrontar ordem de ninguém. Só iria lamentar", explicou o presidente de honra.
"Até porque quem acha que pode fazer oposição ao Eurico no Vasco está enganado. Ninguém o tira do comando do clube. Ele tem maioria absoluta no Conselho e conta com todos os poderes do clube na mão.
Indagado se o ídolo poderia freqüentar a Tribuna em uma outra oportunidade, Eurico deu mais uma mostra da indiferença com que trata o jogador que mais deu alegrias à torcida vascaína. "A próxima vez que ele quiser, pode me pedir, solicitar um convite. Não garanto que ele consiga, pois os convites podem estar esgotados, mas se não estiverem não terá problema", informou, friamente.
Mais uma vez, Calçada refutou as afirmações de seu sucessor. "Duvido que as pessoas que estavam lá na Tribuna ontem (domingo) tinham convites. Por que não pediram convite a babá de meu neto que entrou comigo?", questionou.
Eurico tentou, a todo custo, tirar de Roberto a condição de vítima no episódio. "Ninguém brigou mais por ele dentro do Vasco do que eu. Inclusive em muitos problemas que ele arrumou com o Calçada. Neste caso, eu só quis evitar uma quebra de autoridade".
O presidente vascaíno negou que a situação tenha sido causada devido às críticas que o ex-jogador fez a decisão de se imortalizar a camisa 11 de Romário.
"Ele foi infeliz. Não tenho culpa se as administrações passadas não tiveram a idéia de homenageá-lo. O Vasco saiu na frente e prestou esta honra a um ídolo da atualidade", justificou Eurico, que desdenhou do desejo de Roberto Dinamite de se tornar presidente do Vasco, um dia - Não se chega à presidência assim com essa facilidade. Ele nunca participou de administração nenhuma do clube.