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Técnico do Fla admite estar por um fio
Sábado, 16 Fevereiro de 2002, 00h10

Rio - Da estabilidade do Japão à ciranda do futebol brasileiro. Depois de seis anos na Terra do Sol Nascente, como técnico do Kashima Antlers, Nagoya Gramphus e Cerezo Osaka, João Carlos convive com o risco de demissão depois de três jogos no comando rubro-negro. Trocando em miúdos: basta um tropeço para a volta ao clube se tornar férias.

Com tamanha pressão pelas vitórias, você acredita que um tropeço contra o São Paulo pode causar sua saída? Se não vencer o São Paulo, com certeza, vai ficar difícil. Se já estão vindo com escopeta agora, depois virão com canhão. Vai ser um jogo terrível.

Então, a insegurança vai imperar já que o risco de sair é grande... Ninguém está seguro no cargo. Mas estou me sentindo à vontade para trabalhar. O presidente me deu carta branca. Eu sou o responsável. Até porque só trabalho assim. Não admito que ninguém tenha ingerência no meu trabalho. Só a minha comissão técnica pode falar.

Depois de seis anos no Japão, em três jogos você pode deixar o Flamengo. Como é a situação? É como acordar e não saber o seu dia direito, como vai ser. Futebol não tem jeito, é isso. Não se tem tempo para nada. Mas no Japão se não conseguir resultados também vai embora. Vou tentar fazer o melhor. Está sendo, sem dúvida, um grande desafio. Meu nome está em jogo, não interessa o que foi feito antes ou o que vão fazer depois no Flamengo. É o João Carlos quem está lá.

Apesar de ter vivido bom tempo no Flamengo, seu nome soa como o de um desconhecido para a torcida. Isso faz aumentar a pressão? Isso gera certa desconfiança. Se fosse um Telê Santana, por exemplo, a tolerância seria bem maior. O futebol é curioso, pois em 89 entreguei o cargo ao Telê Santana com quatro vitórias e ele, depois, foi demitido. Ninguém tem tempo.

Como foi ouvir a torcida pedindo Carlinhos durante o jogo com o Universidad Católica e conviver com o surgimento de nomes para assumir o seu lugar? Já tinha ouvido o nome do Joel Santana circular no clube. Mas não posso me preocupar com isso para os jogadores não serem afetados. E, sobre Carlinhos, ele tem história no clube, é querido pela torcida.

Que lição você tira desses dias conturbados, tendo que vencer sem tempo para treinar? Eu gosto de desafios. O Flamengo é Flamengo. Mas vou ter mais cuidado para pegar certas equipes. Posso acabar me arrebentando.

No papel, o Flamengo tem grande time. Por que as vitórias não estão saindo? O nosso time não está conseguindo manter o trabalho pesado durante o jogo. Está faltando um pouco de fôlego. Sobre o meu trabalho, na minha visão eu preciso de uma pré-temporada. É essencial. Cheguei aqui, conhecendo alguns jogadores que tinha visto atuar por outras equipes.

O fato de o time estar com os salários atrasados, pode ser um fator que está atrapalhando o rendimento dos jogadores? Eu, sinceramente, acho que não. Em 92, fomos campeões com os salários atrasados. Os clubes não devem se acostumar com isso, mas é uma recessão mundial. Os jogadores precisam entender que o futebol é a válvula de salvação do clube.

O problema detectado, então, é só mesmo a parte física? Não. Estamos tomando muitos gols. Temos uma zaga boa. Por exemplo: no primeiro gol do Universidad estávamos com dez jogadores atrás. É fácil ajustar porque temos jogadores competentes. É desatenção.

Como consertar a situação em curto prazo? E como está o ambiente entre os jogadores? Estou vendo os jogadores mais experientes muito abatidos com a falta de vitórias. Preciso deles, Pet, Leonardo, Juninho, para dar a volta por cima.

L!Sportpress

 

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