São Paulo - O candidato da oposição nas eleições deste sábado disputa a presidência do São Paulo pela segunda vez (foi derrotado por José Augusto Bastos Neto em 1998).
Marcelo Portugal Gouvêa, 64 anos, é conselheiro vitalício, sócio benemérito, foi diretor por seis anos (de 84 a 90) e diz estar pronto para assumir o cargo máximo do clube.
Nesta entrevista, ele critica a gestão Paulo Amaral, diz que vai tentar convencer Raí a ser “manager” do clube e que pretende investir pesado nas categorias de base.
Por que o senhor quer ser presidente do São Paulo?
M.P.Gouvêa: Recebi um apelo de um grupo imenso de conselheiros. Eles estavam inconformados com algumas coisas que estavam acontecendo e achavam que eu teria o perfil para mudar isso. Aceitei o desafio. Sinto-me em condições de ser candidato e de ser presidente do São Paulo.
L!: Como você avalia a atual gestão do presidente Paulo Amaral?
MPG: É um desastre. Nos últimos oito anos, ganhou dois títulos paulistas e isso é zero. Ele fica satisfeito em ser vice, eu não me satisfaço em ser vice e o são-paulino também não. O vice, uma semana depois, a gente esquece.
L!: O balanço de 2001 apontou um déficit de R$ 15 milhões. Como avalia a situação financeira do clube?
MPG: O Paulo Amaral se vangloria que as finanças estão equilibradas. Como o França foi vendido, ele apropriou corretamente a venda do jogador como dinheiro contabilizado, só que o dinheiro não entrou. Eu acho que o clube vai receber, mas, se não receber, o balanço fica comprometido. Ele costuma dizer que saneou as finanças do clube. Para mim é brincadeira. Faz sete anos que ele é diretor financeiro. Se ele saneou as finanças do clube depois que virou presidente, ele saneou as finanças dele mesmo. Se estava ruim antes, ele é o culpado.
L: O que o senhor acha do time atual?
MPG: Acho que nós precisamos de um zagueiro. Nos próximos dois meses, nós teremos o melhor filme para arrumar um zagueiro de primeira categoria, a Copa do Mundo. Será que não existe um zagueiro jovem, muito bom, e que a transação seja possível? Tem que existir.
L: O senhor pretende fazer altos investimentos na equipe?
MPG: Prefiro comprar um jogador caro, que seja titular absoluto, do que ficar gastando um pouquinho aqui, um pouquinho ali, para ter um jogador razoável. Todo mundo sabe que não há dinheiro suficiente para se montar um esquadrão de craques. Não existe dinheiro para isso, mas, como presidente, vou tentar montar um grande time de outra forma.
L: E como pretende fazer isso?
MPG: Dando uma maior atenção às categorias de base. Vou montar uma comissão técnica no amador do mesmo nível do profissional. Vou buscar uma pessoa ligada ao futebol, que goste do São Paulo, que tenha boa cultura e carisma para fazer a integração entre o amador e o profissional.
L: E o senhor já tem esse nome?
MPG: Existe dentro da minha cabeça, mas não sei se ele aceitaria. Na segunda-feira, vou convidar o Raí para ser essa pessoa. Ainda não conversei com ele. Ele tem carisma, é adorado pelos torcedores e não existe garoto de 14, 15, 16 anos que não gostaria de ter o Raí o orientando, dando conselho e participando, não como técnico, mas como “manager”.
L: Qual sua avaliação sobre a atual comissão técnica?
MPG: A comissão técnica será mantida para desenvolver seu trabalho normalmente até o término desses campeonatos. Depois, vou conversar com as pessoas e mostrar minha filosofia. Não tenho nada contra o Nelsinho. Como torcedor, discordo dele às vezes, mas não o chamo de burro.
L: E o senhor pensa em mudanças na diretoria de futebol?
MPG: Sim, o José Dias é um conselheiro como eu sou e merece todo o respeito, mas o perfil que eu tenho de um diretor de futebol não é o do José Dias. Ele não vai ser o meu diretor porque o meu perfil é outro.