Um novo tipo de pai está nascendo. Essa é a opinião da professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Luciana Castoldi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que defendeu a tese A construção da paternidade da gestação ao primeiro ano do bebê. Para a doutora Luciana, o ideal seria a família nuclear de pai, mãe e filho, mas essa já não é a realidade hoje em dia. O importante então para o desenvolvimento da criança são as figuras estáveis participando da sua vida. "As crianças têm uma capacidade de adaptação impressionante, elas não têm resistências nem preconceitos. Se há afeto, elas ficam bem, não importa que estejam com o pai ou a mãe", diz a professora.
Em sua tese, ela estudou o relacionamento de 116 casais "grávidos". Ela os acompanhou desde o último trimestre de gestação até o primeiro ano de vida dos bebês. "O que eu vi foi a resistência daqueles mais tradicionais que encaravam seu papel apenas como provedor". Mas entre os mais novos, a reação era outra. "Eles desejavam participar da maternidade". A doutora Luciana conta que também havia resistência inconsciente por parte das mães. "Algumas boicotavam os pais mesmo sem perceber, achando que eles eram incapazes de cuidar do bebê".
Para a professora, o laço mais maternal dos pais com os filhos precisa ser estimulado desde criança. "Hoje já temos muitos guris que brincam de cozinhar e isso se reflete em homens que entram na cozinha com desembaraço, mas não vejo a mesma coisa em relação às brincadeiras com bonecas. Os meninos precisam aprender a maternar, precisam ser estimulados, sem preconceito".
A doutora Luciana não acredita que a mãe ou o pai possam suprir os dois papéis (masculino e feminino) ao mesmo tempo, mas também não acha que necessariamente esses papéis precisam ser incorporados pelo pai ou pela mãe. "O papel feminino pode vir da avó, da namorada, de amigas, assim como o masculino pode vir de outros lugares, mas sempre é importante que eles existam".
A professora diz estar otimista em relação às novas gerações de pais. "Hoje a gente já vê muitos pais passeando com seus filhos nos parques, praças. Mesmo que não sejam separados, eles estão aprendendo a dividir as responsabilidades com as mães". Para a professora, os pais estão mais participativos, mais próximos de suas crianças.
Conheça histórias desses novos pais, que romperam preconceitos e aprenderam a, como diz a doutora, "maternar".