Alexandre Rodrigues e Sérgio Gwercman/Redação Terra

ANTRAZ

Formas de infecção

Respiratória Mata em 90% a 100% dos casos se o paciente não for medicado a tempo. Os principais sintomas são febre e mal-estar Digestiva Se manifesta como uma inflamação no intestino, seguida por náusea, perda de apetite, vômitos e febre Cutânea Causa feridas na pele, é o tipo mais comum

O uso como arma

A bactéria é resistente ao ambiente. Isso permite, por exemplo, que ela seja enviada pelo correio. Uma pessoa não transmite a doença para outra

O tratamento

Feito com antibióticos, como a ciprofloxacina, que já está na lista dos genéricos produzidos no Brasil. Há uma vacina que só é indicada para pessoas expostas a alto risco de contaminação

O Brasil não está preparado para lidar com o antraz e teria poucas chances de defesa contra um ataque bacteriológico de grande escala. Isso porque o país nunca teve um caso da doença registrado em seres humanos e nem de lidar com ameaça de guerras com armas químicas ou biológicas. O alerta vem do coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra, Darc Costa, e do presidente da Superintendência do Controle de Endemias de SP, Luiz Jacintho da Silva.

De acordo com Jacintho, que também é professor titular de doenças infecciosas da Unicamp, o antraz sequer é estudado nos cursos de medicina nas universidades brasileiras, e os médicos teriam dificuldade em diagnosticar um caso. "Nunca tivemos casos de antraz pela frente, por isso, seria difícil acreditar que alguém desconfiasse da doença observando um paciente. Mesmo porque os sintomas iniciais se parecem com os da gripe", explica.

Darc Costa explica que mesmo países que possuem armas biológicas, como o antraz, evitam usá-las. Mas o raciocínio é diferente quando se trata de atentados terroristas. "É alguém contra a lei ou qualquer convenção", afirmou. Costa chama a atenção para novidades nos ataques que vêm ocorrendo nos Estados Unidos. Não se trata apenas da primeira vez em que o antraz é usado, mas também da primeira vez que o correio serve de instrumento para um ataque biológico.

O membro da Escola Superior de Guerra lembra, no entanto, que o Brasil já foi palco do uso de armas bacteriológicas. "Na época da colonização, eram dados (pelos colonizadores) aos índios cobertores com o vírus da varíola". O resultado: milhares de índios mortos.

No caso de uma crise envolvendo o uso de antraz por terroristas, entretanto, Jacintho acredita que o Brasil teria condições de se organizar para combater o antraz. "Temos recursos materiais, humanos e financeiros para o combate ao antraz e o conhecimento poderia ser difundido rapidamente entre hospitais", explica. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem remédios suficientes para atender a até 7,5 mil casos de antraz.

Caso um médico desconfie que um paciente está com antraz, deve comunicar imediatamente a Fundação Nacional de Saúde, que tem um núcleo formado por epidemiologistas treinados nos Estados Unidos e especializado no combate a situações de emergência. No Brasil, apenas os laboratórios públicos da Fiocruz e Adolpho Lutz conseguem realizar exames para detectar antraz. O Ministério da Saúde não sabe informar se algum laboratório privado também conseguiria fazer o exame.

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