Juliana Rigotti
Famosa por ter seu figurino inspirado na atriz americana Marilyn Monroe, a drag queen Salete Campari tenta, pela terceira vez, um mandato parlamentar. Pré-candidata a deputada estadual pelo PT (Partido dos Trabalhadores) em São Paulo, a paraibana de 40 anos diz em entrevista ao Terra que, se for eleita, irá à Assembleia Legislativa com peruca e vestida de mulher. “Eu vivo isso 24 horas. Eu vou ser gay, adoro ser gay, amo ser gay, nasci gay e não sinto nenhuma vergonha de falar isso!”.
Salete filiou-se ao PDT (Partido Democrático Trabalhista) em agosto de 2006, em protesto ao posicionamento do vereador Carlos Apolinário. “A grande realidade é que o Carlos Apolinário era tudo o que eu achava de atrasado para o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais). Queria que ele tivesse que ver todos os dias o meu rosto”, disse.
Foi pelo PDT que a drag disputou suas duas eleições: a primeira para deputada estadual em 2006, quando conseguiu 3.400 votos; e a segunda para vereadora, em 2008, quando seu êxito foi ainda menor, conquistando apenas 2.841 votos. Em junho de 2009, mudou-se para o PT.
Salete vive em São Paulo desde os dez anos e trabalha há mais de 20 na noite paulista. Ela garante que suas propostas não são voltadas apenas para o público LGBT e acredita que, por ser militante da causa gay, perderá votos de outras parcelas da população. “É mais fácil um gay votar em um evangélico do que um evangélico votar em um gay”, disse. Como defensora da diversidade sexual, foi uma das articuladoras da 1a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.
No batismo, Salete era Francisco de Sales Rodrigues – o nome de registro. Formou-se em matemática, mas diz ser drag queen “por opção”. O nome pelo qual é conhecido surgiu porque Salete lembra Sales e Campari “era o que a minha cunhada sempre bebia quando ia almoçar”. Salete diz que sempre achou a cunhada muito chique “e, para nunca esquecê-la, coloquei o Campari”, conta.