Rio - A estudante de direito Renata Alves, ex-secretária de Wanderley Luxemburgo, disse que vai apresentar nesta quinta-feira ao delegado Antônio Rayol, da Polícia Federal, os nomes dos jogadores de futebol cujas vendas dos passes teriam sido negociadas pelo técnico da seleção brasileira. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, Renata garantiu que mostrará à polícia os valores das transações e as datas em que foram realizadas.
"A Justiça vai fazer com toda a certeza a correlação da evolução patrimonial dele com esses eventos", disse o advogado da ex-secretária, André Luiz Anet, em cujo escritório foi realizada a entrevista. O advogado afirmou ainda que irá mover uma ação indenizatória contra Luxemburgo pelo fato de ele ter utilizado o nome dela durante todo esse tempo e não ter recolhido os impostos.
"Por saber tanto, eu perdi o meu direito de ir e vir", afirmou Renata, que chorou durante a entrevista. Ela contou que está sendo ameaçada e tem muito medo de morrer. "Se for morta, serei mais uma mulher nas estatísticas." A estudante de direito disse que, para se proteger, dorme a cada noite em um lugar diferente. "Não vejo minha mãe, não vejo meu pai, nem meus parentes."
A ex-secretária contou que não declarava ao Imposto de Renda os bens que arrematava em leilões para o técnico porque acreditava que Luxemburgo faria isso. "Esperava que o Wanderley fizesse tudo, tinha confiança nele, achava que nada me aconteceria."
Ela disse que, em 1996, quando foi chamada a prestar esclarecimentos à Receita Federal, se surpreendeu e ligou para o técnico, com quem não mantinha mais contato regular desde 1993. "Ele desligou o celular", disse chorando. "Eu liguei de novo, dizendo que ele conhecia muita gente e deveria ir lá tentar resolver."
Renata deu mais detalhes sobre as transações que fazia a pedido de Luxemburgo. "Ele deixava os cheques da conta conjunta que tinha com a esposa assinados em branco e eu preenchia", disse, acrescentando que possuía uma procuração do técnico. Na maioria das vezes, declarou, registrava os bens em seu nome. Renata afirmou ainda que não sabia de onde vinha o dinheiro. "Eu só preenchia cheques", afirmou. "Às vezes nem repassava para ele o lucro das transações e o usava para comprar outras coisas."
"Malas de dólares" - Entre os bens arrematados em leilões, estão imóveis, terrenos, carros e até mesmo eletrodomésticos. "Eram bens para transações mesmo, para vender depois." Em relação a compra e venda de jogadores, segundo a ex-secretária, muitas das negociações eram feitas em dólares. "Ele levava malas de dólares para casa."
Renata disse também que sempre ajudou o técnico no campo pessoal, durante o tempo em que foi sua namorada. "Eu ficava vendo o que ele tinha de falar para a imprensa, como fazer para ele chegar aonde chegou", disse. "A falar melhor, a se dirigir melhor ao público e a baixar a arrogância."
Segundo a ex-secretária, ela o ajudava como assessora de Imprensa. "No caso da briga com Romário, orientei que se calasse", declarou.