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Ashmore (Austrália) - Uma simples faixa - "Luxemburgo, cadê Romário?" - poderia soar como um protesto normal, sem muita repercussão, diante da decisão da comissão técnica da seleção de não levar o atacante do Vasco para os Jogos Olímpicos. O grupo de estudantes brasileiros que organizou a manifestação até incentivou a equipe olímpica na vitória por 3 a 0 sobre o fraco Brisbane Strikers, aplaudiu os atletas e pediu mais gols. O que eles não esperavam era a reação do técnico Wanderley Luxemburgo e de alguns de seus auxiliares, após o jogo-treino disputado nesta quinta-feira no Gold Coast Stadium, que foram cobrar explicações dos torcedores.
"Eu me senti intimidado quando o Wanderley perguntou se eu estava com a faixa", contou o analista de sistemas, Marcelo Junqueira, de 22 anos, vestido com uma camisa do São Paulo e morador de Brisbane. Ele disse ainda que o treinador foi ao seu encontro em companhia do coordenador-administrativo Mauro Félix, de quem também ouviu, em tom de interpelação, perguntas sobre a autoria da manifestação. "Foi uma situação chata e pesada", prosseguiu Junqueira, já no trem que o conduziu de volta a Brisbane.
O biólogo paulista Duílio Prado Moreno, de 24 anos, estudante de inglês na Universidade de Queensland, sentiu-se pressionado ao ser questionado pelo consultor-técnico Candinho no momento em que pedia autógrafo aos jogadores da seleção. "Ele me abordou de uma maneira bem educada, mas achei estranho", contou.
De acordo com Moreno, Candinho dirigiu-se ao grupo de amigos em que ele se encontrava a procura do responsável pelo ato pró-Romário na arquibancada. Houve um momento mais tenso, ainda em campo, quando outros integrantes da comissão técnica acusaram jornalistas de terem insuflado os torcedores a exibir a faixa durante o jogo. Isso, porém, não aconteceu. O protesto contra a não inclusão de Romário na lista estava previsto há vários dias, como antecipou o Estado, por estudantes de Brisbane, local das primeiras partidas do Brasil na Olimpíada.
Apesar do tumulto e do que consideraram uma "atitude policialesca" da comissão técnica, os torcedores prometem apoiar o time na competição. "Somos a favor de todos que vieram, mas vamos querer sempre o Romário", comentou Junqueira.
Vitória - Tirando a confusão fora de campo, o jogo-treino valeu mais pela presença marcante de Roger na equipe. O provável reserva de Alex na Olimpíada fez dois gols e criou várias oportunidades. O outro gol foi marcado pelo zagueiro Lúcio, que tem treinado bem e pode até ganhar a vaga de titular de Fábio Bilica, que não havia se apresentado até esta quinta-feira.
Athirson, Ronaldinho e Alex, ainda em fase de adaptação ao fuso horário, entraram apenas no segundo tempo. O estádio recebeu um público estimado em 3 mil pessoas - não houve cobrança de ingresso. O Brasil atuou com Hélton (Fábio Costa); Baiano, Álvaro (André Luís), Lúcio e Fábio Aurélio (Athirson); Marcos Paulo, Fabiano (Mozart), Roger (Alex) e Edu; Lucas (Ronaldinho) e Geovanni.
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