Sydney - O espanhol Juan Antonio Samaranch reina absoluto há 20 anos no comando do Comitê Olímpico Internacional (COI). Neste domingo, porém, ele viu sua autoridade arranhada duas vezes, a poucos dias antes da abertura da Olimpíada de Sydney. Um incidente, banal, colocou à mostra os recorrentes problemas com o transporte na Olimpíada de Sydney.

Acompanhado de vários integrantes do Comitê Executivo do COI, Samaranch ficou esperando ônibus dos organizadores dos Jogos por 25 minutos na porta do Hotel Regent, onde está hospedado. O presidente pretendia visitar o Centro de Imprensa (IBC) e acabou desistindo do passeio, furioso, ao ser informado que, além do que já havia esperado, deveria aguardar a condução por mais 10 minutos.

O incidente causou constrangimento aos integrantes do Comitê Organizador dos Jogos (SOCOG) pois integrantes do Comitê Executivo exigiram da entidade um fim aos problemas de transporte durante a Olimpíada. Desde que o sistema de transporte da Olimpíada foi colocado em funcionamento, as reclamações de voluntários e jornalistas sobre sua ineficiência têm sido constantes.

O segundo constrangimento de Samaranch foi de ordem política. Dois dirigentes esportivos com credenciais para participar da Olimpíada -Carl King, da China, e Gafur Rajimov, do Usbesquistão- foram barrados no Aeroporto de Sydney por autoridades australianas. Inconformado com o fato, porque segundo as regras olímpicas, a credencial olímpica tem o valor de um visto de entrada no país, Samaranch pediu explicações ao primeiro-ministro australiano, John Howard.

Irredutível, o político enviou uma carta ao presidente do COI reafirmando que a decisão do Ministério da Imigração e Assuntos Multiculturais foi tomada levando em consideração a segurança do povo australiano. Com a declaração, só restou a Samaranch concordar com a decisão das autoridades australianas. O episódio foi uma demonstração de força do primeiro-ministro australiano, que colocou seu poder acima do de Samaranch e o COI.