Sydney - Com o sexto lugar no ranking mundial de 2000 na prova dos 400 metros com barreiras, o baiano Eronildes Araújo é uma das esperanças do Brasil no torneio olímpico de atletismo. Recordista sul-americano da especialidade, com 48s04, ele estréia às 4h15 deste domingo, no horário de Brasília, tentando ratificar seu retrospecto consistente. Afinal, o atleta é o atual tricampeão pan-americano (Havana/91, Mar del Plata/95 e Winnipeg/99), além de ter ficado em quarto lugar no Campeonato Mundial de Sevilha, no ano passado (perdeu a medalha apenas na foto de chegada) e de ter sido oitavo colocado na Olimpíada de Atlanta, em 1996.
Apesar dos bons resultados recentes, Eron, como é chamado pelos amigos, prefere concentrar-se na primeira eliminatória a pensar numa hipotética final. "Minha prova é muito difícil e não permite erros", comenta o atleta, de 29 anos, que mora, treina e estuda Educação Física em São José do Rio Preto. "Um vacilo pode me custar a eliminação da Olimpíada", prossegue. "Por isso, tenho de pensar etapa por etapa."
O melhor resultado de Eron este ano foi obtido no Meeting de Atenas, em junho, quando correu a prova em 48s25. Para brigar por uma medalha em Sydney, o barreirista tem consciência de que precisará baixar seu tempo. "Estou tentando há tempos correr a prova em menos de 48 segundos", lembra o ex-menino de rua da cidade satélite de Ceilândia, onde seus pais moram ainda hoje. "De repente, consigo aqui."
Ansioso, ele não vê a hora de entrar na pista do Estádio Olímpico e competir. De acordo com o técnico Jayme Netto Júnior, Eron está em grande forma física. "Os testes feitos em Camberra mostraram que ele está bem e que pode conseguir uma boa atuação", atesta o treinador, que mora em Presidente Prudente e controla a preparação do atleta por e-mails. "Ele sente um pouco de falta de minha presença física, na observação de detalhes do treinamento, mas de uma maneira geral a situação é boa."
Favoritismo - Os principais favoritos nos 400 metros com barreiras são os norte-americanos Angelo Taylor e Eric Thomas, primeiro e terceiro colocados no ranking mundial; o sul-africano Llewellyn Herbert, vice-líder no ranking; e o italiano Fabrizio Mori, atual campeão mundial da especialidade. O francês Stephane Diagana, medalha de ouro no Mundial de Atenas, em 1997, desistiu de participar da Olimpíada por causa de uma contusão.
Outro brasileiro que estréia no torneio é o paulista Márcio Simão de Souza, que compete nos 110 metros com barreiras a partir das 20 horas deste sábado (horário de Brasília). "Meu principal objetivo é melhorar o meu recorde sul-americano e ir o mais longe possível no torneio", diz o atleta de Mauá, que tem 13s38 como marca pessoal. "Acho que posso surpreender."
Os grandes favoritos da prova são o norte-americano Allen Johnson, líder do ranking mundial, que luta pelo tricampeonato olímpico; o inglês Collin Jackson, atual campeão e recordista mundial; e o cubano Anier Garcia, dono da segunda melhor marca do ano.
Uma das provas mais esperadas do terceiro dia de disputa é a maratona feminina, que terá largada às 19 horas de Brasília. A prova terá 59 atletas, com destaque para a queniana Tegla Loroupe (2h20min43), a etíope Fatuma Roba )2h23min21) e a japonesa Naoko Takahashi (2h22min19) são as principais candidatas ao ouro.