Sydney - Depois de estampar as páginas dos jornais do mundo inteiro como a melhor ginasta da atualidade e sucessora de Nadia Comaneci, a também romena Andrea Raducan, que conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata na Olimpíada de Sydney, aparece agora envolvida com doping. Raducan, de apenas 17 anos, teve exame positivo para a substância proibida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) pseudoefedrina na amostra de urina A, colhida no domingo, depois do concurso por aparelhos da ginástica. O medicamento não consta na lista de doping da Federação Internacional de Ginástica.
O COI avaliará a amostra B e a defesa da atleta para então decidir se vai retirar as medalhas da ginasta. Na competição por aparelhos, no salto sobre o cavalo, ela ficou em segundo lugar, sendo superada pela russa Elena Zamolodtchikova. Na terceira colocação figurou a também russa Ekaterina Lobasniuk.
Além desse pódio, Raducan conquistou o ouro no concurso individual completo, que leva em consideração a apresentação em todos os aparelhos, e a medalha de ouro por equipes. A Romênia não comemorava o título individual completo desde 1976, quando Comaneci consagrou-se em Montreal.
A comissão médica do COI recomendou que a atleta, bolsista do Comitê, perca somente a medalha de ouro individual, mantendo o título por equipes e a prata no cavalo. Se isso acontecer, a compatriota Simona Amanar, integrante da equipe campeã, ganhará o primeiro lugar também no individual, e Maria Olaru, igualmente romena, subirá da terceira para a segunda colocação. O pódio que foi totalmente romeno passaria a ter a chinesa Liu Xuan como ganhadora da medalha de bronze.
O presidente do Comitê Olímpico da Romênia, Ion Tiriac, explicou que Raducan tomou duas pílulas, uma delas contendo pseudoefedrina e a outra isenta de substâncias proibidas, recomendada pelo médico da equipe, Ioachim Oana, para livrar-se de um resfriado. Tiriac, no entanto, não esclareceu quando a ginasta usou os remédios. "Nós consideramos que foi uma ação involuntária e o caso, irrelevante", declarou Tiriac. "O remédio foi dado pelo médico."
De acordo com o responsável pela entidade, Alexandru Mogos, a ginasta teve exame negativo na sexta-feira após a disputa do concurso por equipes. "Ela é a melhor ginasta do mundo e provou isso", completou Tiriac.
O chefe do departamento de doping do COI, Alexandre de Merode, recomendou que o médico romeno seja banido de Sydney e impedido de participar dos Jogos de Inverno, em Salt Lake City, em 2002, e da Olimpíada de Atenas, em 2004. "A pseudoefredina é um medicamento que não melhora o desempenho da atleta", observou Alexandre de Merode.
Além disso, esclareceu que o pequeno tamanho de Raducan, 1,48 metro, e o pouco peso, 37 kg, podem ter contribuído no resultado positivo. Raducan, seu técnico Octavian Belu, e uma delegação romena chegaram esta à noite a Sydney para dar explicações ao painel de arbitragem do COI. "Ela é uma criança inocente e incapaz de se dopar", finalizou a dirigente da Associação Romena de Ginástica, Dana Encutescu.