Sydney - Um clássico sul-americano vai reunir Brasil e Argentina nas quartas-de-final dos Jogos Olímpicos de Sydney. É o tipo da partida sempre tensa e nervosa, na avaliação do técnico Radamés Lattari, que venceu os argentinos 21 vezes desde que assumiu o comando da seleção brasileira em 1997. Se este é um aspecto positivo, por outro lado as únicas vitórias dessa seleção contra o Brasil foram justamente em Olimpíadas. Em Seul (1988), os argentinos ganharam a medalha de bronze.
O Brasil também perdeu na estréia nos Jogos de Atlanta (1996). Brasileiros e argentinos jogam às 4h30 da madrugada desta quarta-feira, no Centro de Entretenimento, em Darling Harbour, por uma vaga na semifinal. Os outros confrontos das semifinais vão reunir Cuba e Rússia, Austrália e Itália, Holanda e Iugoslávia.
O técnico Radamés ficou contente pela demonstração dada pelos jogadores de que o Brasil tem hoje um grupo muito homogêneo, na vitória contra Cuba por 3 sets a 0 (28/26, 30/28 e 25/18), em um jogo que os rivais precisavam vencer para escapar de um cruzamento com a Rússia, mas não conseguiram evitar a derrota. O capitão Nalbert foi o único que ficou no banco de reservas. O técnico revezou os 11 atletas e o Brasil continuou vencendo Cuba. “Queria testá-los em situação de jogo duro, como um rival contra Cuba e isto foi positivo." Os confrontos entre Cuba e Rússia e entre Holanda e Iugoslávia vão tirar dois fortes candidatos à medalha das semifinais e do caminho brasileiro.
"Agora é botar na cabeça que tudo o que fizemos até hoje não vale mais nada e uma derrota bota tudo por água abaixo", ressaltou o treinador. Nalbert tem uma contratura na musculatura dorsal, sente muita dor nas costas e poderá ficar fora do time nas últimas três partidas, até o fim da Olimpíada.
Na avaliação do técnico, o fato de a Argentina somar duas vitórias contra o Brasil em Jogos Olímpicos comprova que nesse tipo de competição as estatísticas vão por água abaixo. Na sua avaliação, leva vantagem quem consegue suportar melhor a pressão, aliar a técnica à preparação, quem dribla melhor os problemas de contusão e ainda consegue equilíbrio emocional.
"Essas são as equipes e os jogadores que conseguem chegar lá, no finalzinho, muitas equipes, teoricamente favoritas, como o futebol do Brasil, ficam no caminho."
O fato de o grupo saber que está jogando bem deixa a Seleção em um clima muito bom, tranqüilo. Mas o treinador também acha tem influência a nova regra usada pela primeira vez em uma Olimpíada. “É um pontinho aqui, outro ali, nivelou muito o jogo que, em alguns momentos, vai para uma loteria", ressalta. “É um perde e ganha danado em que tudo pode ocorrer."