Sydney - A vitória por 3 a 0 sobre os Estados Unidos, que garantiu ao Brasil a conquista da medalha de bronze no torneio olímpico de vôlei feminino, marcou a despedida de Leila, atacante da seleção brasileira.
"Esta foi minha última Olimpíada", disse ela, muito emocionada, após a partida. Depois, já nos vestiários, comunicou à comissão técnica que não jogaria mais pela seleção brasileira, segundo informou o chefe da delegação do vôlei feminino em Sydney, José Inácio Salles Neto.
Terminada a participação nos Jogos, os projetos de Leila são bastante distintos. Além de disputar o Campeonato Carioca pelo Flamengo e a Superliga Feminina de Vôlei, a atacante quer dar uma pausa. Pretende participar de um filme e, depois, ter um filho.
"Já estou casada há 10 anos e meus pais estão exigindo um netinho", brincou ela. Leila diz que a partir de agora quer "cuidar mais do lado mulher".
A atacante chorou muito ao final da partida em que conquistou seu segundo bronze olímpico (ela também esteve na campanha de Atlanta), justamente no dia em que completava 29 anos. "Não poderia ter havido presente melhor", disse ela. "Acho que hoje, aqui, a gente plantou uma pequena semente, que, se Deus quiser, vai dar muitos frutos", acrescentou a jogadora, numa referência à sua contribuição ao vôlei na equipe brasileira.
Leila disse que se sentia "plenamente realizada" após a conquista deste sábado. "Eu consegui provar que não era apenas um rostinho bonito. Muita gente me criticou, dizendo que eu não tinha condições de vestir a camisa da seleção brasileira. Por muitas vezes eu cheguei a pensar em desistir, mas a resposta está aqui.", disse ela.
"Eu sou uma pessoa muito determinada. Quando eu tinha 15 anos e comecei a jogar vôlei, eu disse para a minha mãe que um dia iria estar numa Olimpíada. E ela me respondia: Deixa de sonhar menina", contou a jogadora. "Pois aqui estou eu. Numa Olimpíada e com duas medalhas. Todos nós temos de acreditar nos nossos sonhos", disse.
Leila deverá participar de um filme nas Filipinas, onde é adorada pelos fãs. Ela tem poucas informações sobre o filme. "Me parece que é uma comédia, mas não tenho a menor idéia da história", diz a atacante, que nem estabeleceu prazo para as gravações. "As pessoas gostam de mim no Brasil, mas lá nas Filipinas é uma coisa inacreditável. Elas me adoram", contou.
Em agosto deste ano, durante o Grand Prix de Vôlei, Leila teve uma demonstração do amor do povo filipino. Torcedores quase quebraram as janelas do ônibus que transportava a seleção para ver e falar com ela. Fãs levaram para o ginásio, placas com frases do tipo "Leila para presidente". O sucesso dela foi tanto que passou a ser convidada para filmes e comerciais no país.