Sydney - Uma medalha de prata e uma de bronze não era o resultado dos sonhos do iatismo brasileiro nos Jogos Olímpicos. Mas, passado o momento inicial de frustração, Robert Scheidt e a dupla Torben Grael/Marcelo Ferreira garantem não estar frustrados com seus resultados. Para eles, o mais importante agora é descansar e definir o futuro. Vão esperar até o final do ano para decidir se continuam ou não competindo em suas atuais classes - Laser, no caso de Robert, e Star, no de Torben e Marcelo Ferreira.
Em novembro, a Federação Internacional de Vela define quais serão as classes olímpicas para os Jogos de Atenas, em 2004. A equação, no caso do agora vice-campeão olímpico Scheidt, é complicada. Caso a Laser continue na programação, é possível que o velejador continue onde está. Ele, no entanto, pondera que já ganhou duas medalhas olímpicas e quatro mundiais na Laser "e talvez seja a hora de mudar".
Também existe a possibilidade de a Laser ser retirada do programa olímpico. Com isso, Robert poderá ir para a Star, a Tornado ou a Finn.
No caso da Finn, ele continuaria competindo sozinho. A Star e a Tornado, com barcos maiores, exigiriam que ele arrumasse um companheiro para competir. "O relacionamento e o entrosamento teriam de ser muito bons entre os dois atletas e isso nem sempre é fácil".
Ele só não abre mão de participar de sua terceira Olimpíada. "Em Atenas estarei com 31 anos de idade e não teria nenhuma desvantagem sobre nenhum adversário, pelo menos fisicamente", afirma. Sua próxima competição será o Campeonato Brasileiro, em janeiro, na cidade de Fortaleza.
Em seu último dia em Sydney, na noite de sábado, os velejadores brasileiros se reuniram para beber e conversar. Torben Grael e Marcelo Ferreira podem mudar para a classe Soling caso a Federação Internacional de Vela retire a Star da programação olímpica. Agora, só querem descansar e comemorar a medalha, segundo Marcelo. "O esporte brasileiro está deixando Sydney com 12 medalhas, isso é o mais importante", disse.
Na opinião do velejador, o Brasil ainda precisa crescer muito no esporte e a mentalidade dos dirigentes tem de mudar para que o ciclo olímpico não se restrinja ao ano que antecede a Olimpíada. "A diferença entre o Brasil e os países desenvolvidos é o investimento de longo prazo", afirma. A dupla Torben/Marcelo volta a competir somente em janeiro de 2001. Ambos vão disputar o Sul-americano da Classe Star, na Argentina.