São Paulo - A má campanha do Corinthians na Copa João Havelange rachou a relação entre Marcelinho Carioca e a torcida. Considerado um dos maiores craques do alvinegro nos últimos anos, o meia não se conforma com a reação dos torcedores, integrantes da Gaviões da Fiel, que na derrota para a Portuguesa por 3 a 2, sábado, no Pacaembu, gritaram frases ofensivas contra o jogador, pedindo sua saída do Corinthians.
"Não aceito isso", disse, nesta quinta-feira, o meia, ainda revoltado com sua expulsão no primeiro tempo da partida contra o Bahia, quarta-feira, em Salvador. "Podem me vaiar, quando não estou bem; mas ofender desse jeito machuca muito."
Apesar da situação, Marcelinho não pensa em tomar a mesma atitude do atacante Edílson, que após ter sido tido hostilizado pela torcida no Parque São Jorge, em junho, abandonou o clube e transferiu-se para o Flamengo.
Há sete anos no Corinthians, intercalado com um breve período no futebol espanhol, em 1997, Marcelinho acha que ainda vai superar o impasse. Ele disse que sempre honrou a camisa do clube, nunca se omitiu, e jamais entrou em campo com má vontade. "Podem fazer um levantamento no clube, os gols decisivos que fiz e os títulos que ajudei a conquistar", ressaltou.
O presidente da Gaviões da Fiel, José Cláudio de Almeida, o Dentinho, garante que Marcelinho precisa "dar a volta por cima," preocupar-se em jogar futebol e falar menos. O torcedor ressaltou que a revolta dos Gaviões é reflexo do pênalti que Marcelinho perdeu contra o Palmeiras, que resultou na desclassificação do alvinegro nas semifinais da Taça Libertadores da América. "Ainda estamos magoados com a derrota", disse Dentinho. "Não vamos esquecer tão cedo e, sempre que Marcelinho não estiver bem, aquela derrota virá à tona."
Dentinho acha que a expulsão do meia no jogo em Salvador é a prova de que o jogador não atravessa boa fase. No entanto, Marcelinho entende que foi vítima de uma injustiça do juiz gaúcho Fabiano Gonçalves. "Sou capitão do time e tenho o direito de reclamar com o juiz", explicou Marcelinho, que queria a marcação de um pênalti. "Ele me deu o amarelo; depois, falei que ele conseguiu mexer com a torcida adversária e me expulsou."
Marcelinho não se considerou culpado pela derrota. "Todo mundo perde e todo mundo ganha", ressaltou. "Eu já participei de vitórias do Corinthians com um jogador a menos."