São Paulo - Ainda que matematicamente o time ainda tenha uma pequena esperança de classificação na Copa João Havelange, a Diretoria do Corinthians e sua parceira, a Hicks Muse, não pretendem esperar pelo desastre definitivo para dar o pontapé inicial no planejamento da temporada de 2001.
Sentindo que o time terá um primeiro semestre de poucas emoções sem a Copa Libertadores, a parceira vai investir todas as suas fichas na conquista do bicampeonato mundial de clubes, marcado para agosto, em Barcelona.
Na prática, o planejamento para o ano que vem já começou com a volta de José Roberto Guimarães, vice-presidente da PST (Panamerican Sports Team). Depois de passar os últimos quatro meses se dedicando quase que exclusivamente ao Cruzeiro, o outro parceiro da Hicks, Guimarães vai monitorar de perto o plano de ação da Diretoria corintiana para 2001.
A missão de Guimarães é tão difícil quanto delicada. Embora o dinheiro de todos os investimentos na área do futebol profissional saia da Hicks Muse, a autonomia é do Corinthians. Em 2001, no entanto, a empresa deve ter maior participação nas decisões da Diretoria.
Ao contrário do que aconteceu este ano, quando os dirigentes do Corinthians cederam às pressões da torcida Gaviões da Fiel e demitiram Oswaldo de Oliveira mesmo contra a vontade da Hicks, o que se pretende com a presença de Guimarães mais constantemente no Parque São Jorge é impedir que os erros cometidos este ano se repitam em 2001.
Óbvio que José Roberto Guimarães vai continuar dizendo que a autonomia das decisões do Corinthians é total. Ou que as decisões sairão de um consenso.
Mas depois de ver o time afundar na Copa João Havelange por pura falta de planejamento, algumas coisas devem mudar radicalmente.
A desclassificação na Copa João Havelange vai representar um prejuízo de R$ 2 milhões à Hicks Muse. Esse valor, somado ao déficit mensal de R$ 900 mil, deve elevar o prejuízo da empresa norte-americana com o futebol profissional do Corinthians para R$ 11,8 milhões, aproximadamente.
Comando forte Ao participar da escolha do nome de Candinho para o lugar de Oswaldo Alvarez, a Hicks também apostou num comando mais forte. Referendado também pelo presidente Alberto Dualib, Candinho chegou ao Parque São Jorge com respaldo total para fazer o que achar melhor para o clube. Ele terá liberdade até para `cortar' algumas estrelas do time se julgar conveniente, sem medo das pressões.
Os jogadores mais observados são os remanescentes do time que perdeu a Libertadores para o Palmeiras. A derrota para o rival provocou muito mais do que uma simples desclassificação no campeonato mais sonhado pelo clube e sua torcida. Deixou marcas terríveis também no relacionamento entre alguns jogadores. No dia a dia do time há um indisfarçável clima de rivalidade entre alguns. Muitos deles sequer cumprimentam Marcelinho Carioca no vestiário. O próprio Candinho já entendeu o problema, mas como o Corinthians ainda luta por sua sobrevivência na João Havelange, não vai comprar briga antes da hora.
Na avaliação de quem fica e de quem deve sair no final do ano, a relação de trabalho será um conceito tão importante quanto as qualidades físicas e técnicas dos jogadores.
Que haverá uma grande reformulação no Corinthians depois da João Havelange já é uma certeza até entre os próprios jogadores.
O Cruzeiro, também patrocinado pela Hicks, pode ser o destino de alguns que não conseguiram superar as seqüelas da derrota para o Palmeiras na Libertadores.