Belo Horizonte - A surpresa foi geral, ontem à tarde, na reapresentação dos jogadores do Atlético. Ao invés da já tradicional hidroginástica após as partidas, todos foram convocados para ir direto ao CT de Vespasiano, um anúncio de que mudanças estariam por vir.
O atacante Marques admite que não se surpreendeu com a saída do técnico Carlos Alberto Parreira, já que “futebol depende de resultados", mas não imaginava que o empate com o Grêmio fosse a gota d'água.
“Ainda temos chances de classificação e o empate não foi um resultado tão ruim assim", avaliou Marques. Ele entende que a pressão exercida pela torcida nos últimos jogos, quando chamaram Parreira de “burro", foi fator preponderante para que o treinador pedisse dispensa.
Já o atacante Guilherme fez questão de eximir Parreira de culpa pelos resultados obtidos pelo Atlético nos últimos jogos. “Nós é que não soubemos aproveitar sua experiência e tudo o que tentou passar para o grupo. Ele não foi culpado", afirmou.
Grupo bom
Guilherme fez questão de discordar das afirmações de que o elenco limitado do Atlético seria o principal motivo para a equipe apresentar rendimento aquém do esperado. “Mesmo sem opções no banco, o grupo é bom. Há clubes na nossa frente que não tem esse elenco que o Atlético tem", comparou o jogador, sem citar nomes.
Guilherme ressaltou ainda que os problemas financeiros do clube - os salários estão atrasados há dois meses - em nada vem influenciando o rendimento da equipe. “Isso não é desculpa", constatou o atacante, que cobra dedicação máxima dos companheiros para o time se classificar. “Aquele que estava dando 80%, tem que dar 110%. O que vai prevalecer agora é a entrega total em nome do Atlético."
Para Ronildo, culpa é da equipe
O desabafo nos vestiários, após o empate em 2 a 2 com o Grêmio, no domingo, vinha sendo há muito tempo adiado pelo lateral-esquerdo Ronildo. Na ocasião, ele ressaltou que o time não vinha atuando bem, mas somente seu setor recebia críticas tão duras.
“Não tenho sangue de barata. Herdei da minha família o temperamento calmo, sempre reservado, mas não agüentei e tive que falar. O time não está jogando bem e cada um tem que assumir sua parcela de culpa. Eu assumo a minha e estou tranqüilo quanto ao meu trabalho. Faço o melhor que posso. Não desabafei para me desculpar dos erros que cometo", afirmou o lateral.
Ronildo lembra que a gota d'água foram as vaias recebidas por ele durante o jogo. Depois do gol de empate, a torcida começou a vaiá-lo assim que recebeu um lançamento de Velloso. “Quando eu toquei a bola para o lado, as vaias pararam. Parece que a culpa é sempre minha", observou.
Assim como o atacante Guilherme, o lateral faz questão de eximir o técnico Carlos Alberto Parreira, que tem fama de “retranqueiro", de qualquer culpa quanto ao comportamento da equipe em campo. “A torcida está acostumada a ver o time dar carrinho, mas estamos recuando bastante, perdendo a segunda bola. Sei que estamos errados mas, se soubéssemos como corrigir, tenho certeza de que faríamos tudo para nada disso acontecer", ponderou.
O jogador confessa que sempre se recorda do primeiro jogo contra o Vitória, nas semifinais do Campeonato Brasileiro do ano passado, quando foi autor dos passes que originaram nos três gols da equipe na vitória de 3 a 0. “Sempre torço para repetir uma atuação como aquela. Foi muito bom ter a torcida do meu lado, me apoiando", comentou Ronildo, que promete vontade redobrada em busca de uma vitória amanhã, contra o Gama, em Brasília.