São Paulo - Os presidentes das CPIs no Congresso que investigam o futebol reagiram com ironia à ameaça do Clube dos 13 de paralisar a Copa João Havelange em represália ao trabalho das comissões. Segundo o deputado federal e vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, a competição pode ser paralisada se os clubes constatarem que a investigação da CPI é inconstitucional.
"Mais parado do que já está?", observou Álvaro Dias (PSDB-SP), presidente da CPI no Senado. "Essa Copa é um fracasso e ninguém sentirá a menor falta."
Da mesma forma, o presidente da CPI Nike/CBF na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), não resistiu ao sarcasmo. "Como eles vão parar, se boa parte desses clubes já está mesmo fora da próxima fase", observou o deputado. "Se os clubes têm críticas ao nosso trabalho deveriam discutir o assunto de forma mais séria."
Na avaliação de Rebelo, a crítica dos clubes só denuncia a preocupação dos dirigentes com o trabalho da CPI. "Para nós, isso funciona como uma senha para investigarmos ainda mais os grandes clubes", diz o parlamentar. "Se a intenção era nos intimidar, eles conseguiram o efeito contrário", avisa.
Também para o presidente da comissão no Senado, a crítica dos clubes só aumentará o furor investigativo do Congresso. "A CPI não vai parar, até porque ela surgiu justamente em razão da desorganização causada por esses mesmos dirigentes", lembrou Dias. "Se o futebol brasileiro estivesse bem, não haveria CPI."
Dias também ironizou a acusação de que o trabalho das comissões estaria prejudicando a imagem dos clubes. "Não quero supor que os dirigentes considerem a CPI culpada pelo atual estágio do futebol, porque isso faria muito mal à inteligência deles", comentou o senador. Já o deputado Rebelo lembrou a condição de parlamentar de alguns cartolas.
Além de Eurico, a CPI conta com Luciano Bivar, dirigente do Sport e do Clube dos 13. "Não fica bem um deputado criticar a CPI, que é um insrumento de defesa da sociedade."