São Paulo - Na política brasileira, agosto corresponde ao mês das grandes crises. Foi em um dia 25 desse mês que Getúlio Vargas suicidou-se, em 1954, e em um dia 13 que os militares assinaram o AI-5, em 1968, início da fase mais cruel do governo militar. Até hoje, políticos torcem os dedos na esperança de que agosto termine logo. Os clubes paulistas poderiam assumir a mesma atitude em relação a este outubro de 2000, em que os times de São Paulo afundaram na Copa João Havelange.
É verdade que Corinthians e Santos foram pioneiros e iniciaram o que seria sua crise já no fim de setembro. Desde 23 de setembro, foram 19 partidas jogadas. Treze perdidas e seis empatadas.
Diante de tamanho vexame, Vadão, técnico do Corinthians, e Giba, do Santos, engrossaram a lista de desempregados do País. No caso do Corinthians, nada mudou. Vadão acumulava duas derrotas. Candinho assumiu e já perdeu quatro partidas. Carlos Alberto Parreira estréia hoje contra o Bahia e tenta mudar a sorte do Santos.
Um sofrimento - A estiagem de vitórias não foi fatal apenas para os técnicos. Os clubes também sofreram e muito. A classificação do Corinthians, atual bicampeão brasileiro, à segunda fase é praticamente impossível. O time tem 15 pontos ganhos e, se ganhar as suas últimas seis partidas, chegará a 33. Se conseguir esse milagre, nada garante sua vaga, já que os técnicos trabalham com a marca de 35 pontos para a certeza de vaga na segunda fase do campeonato.
Como o time já está fora também da Copa Mercosul, aos torcedores corintianos não basta torcer pelo fim de outubro. É melhor rezar pelo fim do ano. O jogo contra o Inter, na quarta-feira, faz parte dessa contagem regressiva.
As causas de tanto vexame variam, mas a principal foi a demora para substituir Dida, Edílson e Vampeta, vendidos.
Time de desconhecidos - Venda de jogadores, um verdadeiro “desmanche”, é a causa do insucesso desse Palmeiras de Lopes, Juninho, Adriano, Turra e tantos outros desconhecidos até há um semestre. O time tem seis vitórias, seis empates e sete derrotas. Foi goleado pela Ponte por 5 a 1 e perdeu para o Cruzeiro em casa por 1 a 0. Com 25 pontos, precisa de outros dez nos cinco últimos jogos. O de hoje é contra o Santa Cruz, rabeira do campeonato, em Recife. O Santa tem apenas duas vitórias no campeonato e pode servir de início de reação para os palmeirenses.
A torcida tem ao menos a felicidade pela surpreendente classificação na Copa Mercosul. O adversário nas quartas-de-final será o Cruzeiro.
O Santos aposta alto para conseguir chegar à segunda fase. Para substituir Giba, trouxe Parreira, campeão do mundo em 1994, que assinou contrato por dois meses com a missão de conseguir a vaga. Para isso, precisa de mais 11 pontos nos últimos seis jogos. Não pode mais empatar em casa, como fez contra a Ponte Preta (com um gol olímpico sofrido aos 47 minutos do segundo tempo) e contra o Vasco (dessa vez o empate nos acréscimos foi favorável ao Santos).
Parreira quer que o Santos faça valer a vantagem de jogar em casa e para isso exige muita garra dos jogadores. Garra é o que nunca faltou a Edmundo e Rincón, estrelas maiores do time, que têm o Bahia como seu adversário hoje na Vila. Boa chance para mudar a história do Santos na Copa.
O São Paulo tem a melhor situação entre os grandes. Tem 32 pontos ganhos e mais cinco jogos a fazer. Uma vitória hoje contra o Atlético-MG praticamente garante sua classificação, mas o time também foi atingido pela síndrome de outubro: perdeu para o Botafogo no Rio de Janeiro e empatou três jogos seguidos em casa. Contra o Cerro, 4 a 4, desclassificou-se da Mercosul.
Hoje, os times falam em vencer, mas todo cuidado é pouco. Outubro só acaba na terça-feira.