São Paulo - A oitava derrota consecutiva do Corinthians - a 12ª na Copa João Havelange - colocou os jogadores em estado de alerta. O medo é de uma nova reação violenta da torcida, como aconteceu com Edílson, antes mesmo da estréia na competição. Os jogadores estão literalmente apavorados, como admitiu o goleiro Maurício, ontem: "Não sei qual pode ser a reação da torcida numa situação dessa. Eu mesmo tenho até procurado não sair tanto: vou de casa para o trabalho e do trabalho para casa".
O medo de Maurício não é causado pelos jogos em estádios. "Medo do que pode acontecer no estádio não existe. Mas há medo de que possa acontecer alguma coisa com a gente na rua, ao cruzar com algum torcedor mais fanático." Na prática, Maurício teme que possa se repetir o caso Edílson. "E olha que naquela época a gente estava ganhando tudo, bem diferente de agora."
Coincidência ou não, Maurício desfalca o time no próximo jogo, contra o Cruzeiro, amanhã, em Belo Horizonte. Mas a razão de sua ausência é uma infecção intestinal. Por causa desse mesmo problema, Maurício quase ficou fora do jogo contra o Inter, segundo o técnico Candinho.
Outro desfalque pode ser o volante Edu, que sofreu uma forte pancada no tornozelo operado (o esquerdo) e será avaliado no treinamento de hoje cedo, no Parque São Jorge.
Também para o vice-presidente de Futebol Antônio Roque Citadini a oitava derrota consecutiva foi demais. Na chegada da delegação a São Paulo, ontem à tarde, após a derrota para o Inter de Porto Alegre por 1 a 0, o dirigente admitiu, pela primeira vez, aquilo que toda a imprensa vem anunciando há mais de um mês: depois da Copa JH, o elenco vai mesmo passar por uma grande reformulação.
Vai reformular - "Haverá a reformulação e é bobagem negar isso. Mas não posso garantir em que proporção ela será feita. Não sei se os números são esses que estão sendo colocados por aí." O dirigente, no entanto, esclareceu que não vai usar o termo limpeza. "É muito pejorativo para o meu gosto."
Citadini também fez uma crítica indireta ao trabalho do diretor de Futebol Carlos Nujud e à Comissão Técnica pelos erros nas indicações dos jogadores que foram contratados recentemente. No entanto, não quis acusar ninguém diretamente. "O que eu ganharia desencadeando uma grande confusão neste já conturbado final de temporada?"
Ele também admitiu que foi uma falha o clube ter contratado jogadores em más condições físicas em meio à competição.
O dirigente também garantiu que nenhum jogador será dispensado antes do último jogo do Corinthians na competição, dia 19, contra o América-MG.
O vice-presidente de Futebol praticamente confirmou a devolução de Müller ao Cruzeiro no final do ano. Juntamente com Müller devem sair mais 12 ou 13 jogadores. Os ameaçados de corte formam pelo menos um time: Maurício, Índio, João Carlos, Adílson, André Luiz (no meio do ano), Ávalos, Márcio Costa, Édson, Romeu, Batata, Fernando Baiano, Gilmar e Dinei.
A lista dos jogadores que interessam também é grande. Nildo, do Sport, e Marques, do Atlético-MG, que foi revelado pelo próprio Corinthians, são dois nomes certos.