São Paulo - A crise que o Corinthians atravessa na Copa João Havelange terá como conseqüência a reformulação no elenco. Esta foi a conclusão do vice-presidente de Futebol do clube, Antônio Roque Citadini, que pela primeira vez admitiu fazer uma grande mudança no Parque São Jorge. O dirigente só evitou falar em "limpeza" por achar o termo pejorativo.
"É claro que vamos refazer o elenco, evitar os erros que cometemos, desta vez trazendo reforços com critérios", disse o dirigente, após voltar de Porto Alegre, onde o Corinthians sofreu diante do Internacional (1 a 0) a oitava derrota consecutiva (sete na Copa JH e uma na Mercosul). O time não ganha há 40 dias. Sua última vitória foi sobre a Ponte, por 1 a 0.
Citadini afirmou que o técnico Candinho não está com o cargo ameaçado. Apesar de o treinador ter sofrido cinco derrotas seguidas, o dirigente garantiu que ele faz parte dos planos do clube para a próxima temporada. "Nem usem a palavra prestigiado, que eu também não gosto, mas posso garantir que esses resultados não vão atrapalhar seu futuro no Parque São Jorge", garantiu.
A diretoria não fala nos jogadores que deixarão o Corinthians após a participação do time na Copa João Havelange. Mas, alguns nomes já estão certos: Maurício, João Carlos, Índio, André Luís, Márcio Costa, Gilmar, Batata, Adílson, Romeu, Avalos, Edson, Luís Mário, Dinei, Fernando Baiano, Müller e Pereira. Há ainda os casos de Edu, Luizão e Ricardinho, cujos passes deverão ser negociados para o exterior, e Marcelinho ou Rogério, que interessam ao Cruzeiro.
O vice-presidente de futebol do Corinthians também contestou a informação dada pela imprensa sobre a exclusão do Corinthians no segundo Mundial Interclubes, perdendo a vaga para o Boca Juniors e o Palmeiras, os dois últimos campeões da Copa Libertadores da América. "Há dois dias o presidente da Conmebol (Nicolas Leoz) nos garantiu que ninguém do futebol sul-americano estava garantido na competição”, sustenta Citadini, apesar de Conmebol ter soltado um comunicado na quarta-feira, confirmando a ausência corintiana no torneio.
Os jogadores do Corinthians chegaram de Porto Alegre mostrando estarem consternados. Evitaram dar entrevistas no Aeroporto Internacional de Cumbica. O atacante Dinei foi um dos poucos que parou para conversar. "É muita tristeza, dá vergonha até de entrar em casa."
A torcida organizada Gaviões da Fiel, a maior do clube, pede uma mudança radical no Parque São Jorge. O presidente da facção, José Cláudio de Almeida Morais, o Dentinho, disse que está faltando amor à camisa. "A diretoria tem de ser trocada, muitos jogadores tem de ir embora, e Candinho também não é o técnico indicado", desabafou o torcedor, que tem 41 anos e desde os 10 acompanha o Corinthians. "Nunca passei por um vexame tão grande."
O Corinthians volta a jogar no sábado, contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte. Müller dificilmente deverá voltar ao time. Edu, que se machucou na partida em Porto Alegre, e Maurício, com infeção intestinal, também serão desfalques.