São Paulo - A campanha do Corinthians neste segundo semestre é uma das piores de sua história e os números provam isso. Só na Copa João Havelange são 12 derrotas em 19 jogos, sendo sete consecutivas, e apenas 15 pontos conquistados, que rendem à equipe paulista a 23ª e antepenúltima colocação no campeonato -levando-se em conta também a Copa Mercosul, são oito derrotas seguidas.
Os sempre exigentes torcedores do Corinthians se revoltaram com as atuações do time e passaram a cobrar mudanças na atitude dos jogadores, comissão técnica e diretoria.
As derrotas trouxeram à tona problemas de comando no grupo, além do enfraquecimento da diretoria, resultado de falta de pulso firme e más contratações.
Saiba a opinião dos ex-jogadores sobre a crise:
Sócrates (jogador entre 78 e 84): "O problema do Corinthians é sério. A diretoria é incompetente pois não há uma política clara e falta profissionalismo. Há uma falha grande na comunicação entre jogadores, comissão técnica e torcida e a direção acabou perdendo o controle da situação. A solução é montar outro time porque o grupo tem bons jogadores mas não conseguiu formar uma equipe. As contratações não tiveram critério. Saíram jogadores como Edílson e Vampeta e não foram contratados substitutos que ocupassem as mesmas posições. O Corinthians está como o futebol brasileiro: feito nas coxas. O torcedor se sente ludibriado com os maus resultados, mas a pressão em grandes clubes é normal."
Casagrande (jogador de 82 a 84 e 94): "A questão é administrativa, mas está se refletindo dentro do campo. Quando eu jogava lá, o Corinthians já tinha problemas deste tipo, mas como a equipe era muito unida, se superava e conseguia bons resultados. O Corinthians precisa de um profissional de futebol no comando, como o Palmeiras tem o Américo Faria e o Santos, o Zito. A minha esperança é o Candinho, pois é competente e tem qualidades para contornar esta situação. Mas vai ser uma tarefa difícil, pois desde o ano passado que a equipe vive esta situação, só que as vitórias amenizavam o problema."
Paulo Borges (jogador entre 68 e 73): "Problemas entre torcedores e jogadores sempre foram comuns em grandes clubes. No Corinthians, não é diferente. Apesar isso, não acho que seja uma atitude correta, pois desestabiliza ainda mais um ambiente já confuso. A torcida do Corinthians sempre teve hábito de pegar um jogador para Cristo. Rivelino, Edílson e Vampeta são bons exemplos disso. Mas acho que se o time conseguir uma vitória sobre o Cruzeiro a situação já vai ficar mais tranqüila."
Palhinha (jogador de 77 a 80):,/b> "Os jogadores têm que resolver entre eles, com muito trabalho, conversa e união. Ter tranqüilidade tambem é fundamental pois o time precisa ter a cabeça no lugar para vencer o Cruzeiro, o que melhoraria bastante o ambiente no clube. Os grandes clubes sempre passam por essas situações e os jogadores precisam se acostumar com isso. Quando cheguei para jogar no Corinthians, a equipe estava há 23 anos sem conquistar um título e a pressão era grande. Mas nós nos unimos e conseguimos ser campeões."
Vladimir (jogador do Corinthians de 69 a 87): "O Corinthians sempre foi assim e a ansiedade tem que ser superada com trabalho. O Rivelino foi crucificado e teve que sair do clube depois de uma derrota para o Palmeiras na final do Campeonato Paulista de 74. A diretoria contratou mal, pois não houve planejamento e falta profissionalismo. Existe conflito interno entre os próprios jogadores e entre eles, diretoria e torcida. Resolver estas diferenças é fundamental para superar esta situação tão complicada."