São Paulo - Trinta de outubro foi um grande dia para o automobilismo brasileiro.
Christian Fittipaldi venceu as 500 Milhas de Fontana, nos Estados Unidos, última etapa da Indy, com Roberto Pupo Moreno em segundo lugar e Gil de Ferran em terceiro, resultado que garantiu para esse último piloto o título da temporada. Mas poderia ter sido trágico para outro piloto do País: Hélio Castro Neves, companheiro de Gil na equipe Penske, que sofreu um violento acidente. Pela terceira vez no ano, o motor do carro não agüentou, como em Chicago e Homestead. Mas em Fontana foi mais sério.
Helinho limita-se a comentar que o motor de Gil de Ferran é o único da Honda preparado no Japão. Os outros são preparados nos Estados Unidos - tanto de Helinho como dos pilotos da Green (Dario Franchitti e Paul Tracy), que também estouraram em Fontana.
Falha da equipe - Além dos dois pilotos, a Penske tem outro brasileiro, Laerte Zatta, que é engenheiro da Honda Performance e responsável pelo carro de Helinho nas corridas desde o início do ano, quando a escuderia passou a utilizar os motores da fábrica japonesa. Não revela detalhes, como peças que apresentaram problemas, mas dá outras informações.
Por exemplo: Gil tem seus motores montados no Japão porque é piloto de desenvolvimento da Honda. Os outros são montados nos Estados Unidos, mas todas as peças vêm do Japão. Por que o motor de Helinho quebrou três vezes este ano, contra nenhuma de Gil? "Chegamos à conclusão de que o Hélio teve azar", diz.
Mas o diagnóstico não é tão simples. Laerte afirma que em Chicago e Fontana houve falha mecânica, mas admite que em Homestead sua equipe falhou. "O mecânico errou no aperto dos parafusos e a peça quebrou", conta o engenheiro, lembrando que o funcionário, um norte-americano, foi despedido.
"Esse é um erro primário e nossa meta é erro zero."
Além de norte-americanos, há também ingleses e mexicanos na equipe, todos sujeitos a um esquema que permite descobrir o responsável pelos erros.
Segundo Laerte, toda vez que uma pessoa faz determinado trabalho, fica registrado no computador. "Sabemos quem montou o cabeçote, o número das peças, tudo."
Quando o defeito é da peça, Laerte não pode despedir o funcionário da Honda que fez a besteira no Japão. Mas leva o motor para sua oficina, em Los Angeles, desmonta e descobre o problema. Em seguida, manda para a fábrica, com um relatório para que os japoneses analisem, junto com as informações do banco de dados a que eles têm acesso.
Mesmo quando é detectada falha mecânica, Laerte admite que pode ser resultado de erro no manuseio da peça. Mas afirma que não foi o caso nem em Chicago nem em Fontana: "Em Chicago, foi problema do fornecedor. Tivemos de mexer em todos os motores que tinham peças daquele lote. Em Fontana, descobrimos que uma peça teve fadiga mecânica e quebrou."
Além de não dizer quais peças apresentaram problema, Laerte também evita falar os nomes dos fornecedores - pelo menos dos que fazem um bom trabalho.
No ano passado, foi divulgado que a mola da válvula da Honda não dava problema porque vinha de um determinado fornecedor: "Os outros descobriram qual era e passaram a usar o mesmo."