Ricardo Zonta não está 100% satisfeito. Não é para menos. Após colecionar títulos em categorias de acesso e despontar como uma das promessas do automobilismo brasileiro, conseguiu ingressar no seleto grupo da Fórmula-1. Mas nem esquentou o lugar.
Dois anos e várias confusões depois, perdeu a vaga na equipe BAR. Na temporada 2001, será piloto de testes da Jordan.
Em entrevista critica o ex-companheiro Jacques Villeneuve, o diretor da BAR, Craig Pollock, fala sobre a nova empreitada e o futuro, principalmente, em estar de olho no lugar de Frentzen.
Qual a sensação de perder uma vaga como titular na F-1?
Ricardo Zonta: Não é nada fácil. Eu tinha a possibilidade de ficar na Arrows ou na Sauber. Mas é uma escolha para o futuro. Dar um passo atrás agora e dois à frente depois.
L!: Porque você decidiu pela Jordan?
RZ: Eu poderia ter fechado como piloto de testes da McLaren. É o melhor carro, mas não me daria certeza de voltar à F-1. Na Jordan, essa possibilidade é muito maior. O Frentzen (Heinz-Harald Frentzen) está há vários anos na equipe e pode se retirar. E o Trulli (Jarno Trulli) tem uma ligação muito forte com a Benetton. Os diretores me disseram que existe chance de eu ser titular em 2002.
L!: Passados os problemas com a BAR e Villeneuve, qual a lição que fica?
RZ: É difícil entrar na F-1. Comigo foi uma situação rara. Entrei recebendo salário e numa equipe com muito dinheiro e um projeto grandioso. Mas a BAR não tinha e não tem um líder. Quem deveria ser, não consegue.
L!: Você fala do Craig Pollock?
RZ: Sim. Para piorar, ele é manager do Villeneuve. É lógico que ele quer que o piloto dele seja favorecido, pois ganha 20% do salário do piloto.
L!: E o Villeneuve?
RZ: É um grande piloto. Nosso relacionamento era bom. Mas, após a nossa batida na Alemanha, tudo mudou. Ele disse que eu deveria ter alertado sobre a manobra pelo rádio. Mas como é que vou comunicar pelo rádio uma decisão que dura um segundo? Ele falou na frente de todos que a culpa era minha. Ele, campeão do mundo. Eu, ali, novinho. Tive de ficar quieto. O que ele falou sobre mim, as críticas, foram muito graves. Depois daquilo não nos falamos mais. Só o estritamente necessário.