São Paulo - Bastaram apenas seis rodadas para o atacante Leandro conquistar a torcida da Fiorentina, uma das mais fanáticas e exigentes da Itália. Mesmo tendo iniciado os três primeiros jogos no banco, o ex-jogador da Portuguesa já marcou cinco gols e é o vice-artilheiro do Campeonato Italiano, com um a menos do que o argentino Batistuta (Roma) e o ucraniano Shevchenko (Milan).
Outra façanha de Leandro foi assumir o posto de principal candidato a substituto do próprio Batistuta - que deixou a Fiorentina após nove temporadas consecutivas -, desbancando o português Nuno Gomes e o iugoslavo Mijatovic, bem mais famosos do que ele no futebol europeu.
Enquanto se preparava para a partida contra o Vicenza, amanhã, em Florença, o atacante falou sobre a excelente fase que está vivendo na Itália, dois meses depois de deixar o Brasil.
"Apesar do frio e da dificuldade em me comunicar com a maioria de meus companheiros de clube, não poderia estar sendo melhor. Dentro de campo é muito diferente do futebol brasileiro, pois a marcação é muito forte e eles não dão espaço para a gente se movimentar. No entanto, estou conseguindo dar conta do recado."
Segundo as estatísticas do diário italiano La Gazzetta dello Sport, Leandro é o estrangeiro com o terceiro melhor aproveitamento na história do Campeonato Italiano - levando-se em conta somente as seis primeiras rodadas -, ficando atrás apenas de Van Basten, que já encerrou a carreira, e Shevchenko.
"Estou correndo por fora e quero chegar bem mais longe", disse Leandro, sem disfarçar o otimismo.
Comparações - Nos últimos dias, o assédio da imprensa italiana em cima do atacante tem sido muito grande. Entre os torcedores, já começaram, inclusive, as comparações com Batistuta.
"O reconhecimento dos jornalistas esportivos, que são mais exigentes do que os torcedores, me deixa muito feliz. Mas quero evitar qualquer tipo de comparação com o Batistuta, que foi um ídolo e escreveu uma página na história do clube. Meu estilo de jogo é totalmente diferente."
Quanto a Edmundo, que não deixou nenhuma saudade no clube, Leandro disse que teve muito trabalho no início para provar que não criaria nenhum tipo de confusão fora de campo.
"Foi inevitável. Pelo fato de ser brasileiro, todos me perguntavam se meu comportamento era igual ao dele. Mas aos poucos estou mostrando que vim para cá apenas para marcar gols e ajudar a equipe a conquistar o tão sonhado scudetto."
Dificuldades - A adaptação do atleta, no entanto, não tem sido nada fácil. "Por enquanto, me comunico sozinho apenas com o Amaral e os dois portugueses da equipe, Rui Costa e Nuno Gomes. Mas comecei nesta semana as aulas de italiano e espero o quanto antes não ficar dependendo de intérprete. Também foi difícil para me acostumar com a cidade pequena, pois sempre vivi em São Paulo."
Leandro tem uma aliada forte para vencer a saudade do Brasil. "À noite, fico em casa curtindo minha namorada, Tatiana."
Apesar de estar querendo voltar para a Seleção Brasileira já na próxima rodada das Eliminatórias para a Copa de 2002, Leandro não está muito informado sobre o que está acontecendo no Brasil.
"Espero que meu trabalho esteja sendo reconhecido aí e, conseqüentemente, o Leão me dê uma chance. Mas preciso ligar logo meu computador e acompanhar pela Internet essa história de CPIs do futebol e da Nike. Por enquanto, estou totalmente por fora."