Porto Alegre - Foi um susto para a torcida. Minutos antes da partida contra o Vasco, quinta-feira, no Olímpico, 40 mil gremistas souberam que Danrlei e Silvio ficariam fora. Sem qualquer experiência no time principal a respaldá-lo, Eduardo Martini era escalado em um jogo que poderia decidir o futuro do Grêmio na Copa João Havelange.
No banco, como opção, Andrey, de apenas 17 anos. Como Eduardo deu uma resposta satisfatória e Danrlei e Silvio seguem em tratamento no departamento médico, o técnico Celso Roth incluiu os dois garotos na delegação que viajou para Recife, onde o Grêmio enfrenta o Santa Cruz.
Na base do improviso, o clube vai formando sua nova geração de goleiros.
O susto quinta-feira seria menor se a torcida já conhecesse a opinião de Pedro Santilli, preparador de goleiros do Grêmio e da seleção brasileira.
"Eduardo e Andrey fazem parte de uma safra maravilhosa. São arrojados, têm postura e uma excelente saída de gol", elogiou.
Curiosamente, foi uma entrada desajeitada do novo goleiro titular que tirou Danrlei do jogo contra o Vasco. Utilizado como atacante no recreativo de quarta-feira, Danrlei acabou atingido no tornozelo por Eduardo Martini.
"O Eduardo é da minha escola, entra rachando todo mundo nos treinos", brinca Danrlei, citando a força física e a tranqüilidade como as maiores virtudes de seu atual substituto.
Santilli tem absoluta confiança nos dois goleiros. Trabalhando no Grêmio desde janeiro, por indicação de Émerson Leão, impressionou-se com a segurança de Andrey. Logo nos seus primeiros relatórios, sugeriu que o goleiro juvenil fosse integrado aos profissionais, para adquirir experiência.
Convivendo há 11 meses com os garotos, Santilli também entendeu, na quinta-feira, que não bastaria submeter Eduardo Martini ao aquecimento que precede cada partida. Decidiu interromper o trabalho e, abraçado ao goleiro, disse pequenas frases que revelavam toda a confiança que o restante do time tinha em sua capacidade. O mesmo gesto teve Zinho, um de seus melhores amigos no grupo.
"Aquilo foi fundamental para mim", admite Eduardo Martini. "Percebi que a razão precisaria superar a emoção."