São Paulo - O treinador Maurício Cogo - que deve ser intimado a depor na CPI do Futebol sobre as suspeitas de que atletas brasileiros estariam vivendo em regime de semi-escravidão no futebol chinês - desembarcou neste domingo de trem em Pequim, onde foi recebido por um funcionário da Embaixada Brasileira.
Agora, permanecerá protegido pelo Itamaraty até regressar definitivamente para o Brasil, o que deve ocorrer entre hoje e amanhã. Cogo, de 29 anos, trabalhava como instrutor de futebol nas categorias de base de um clube na cidade de Guelim (sul da China), onde muitos jogadores vivem sob condições precárias de moradia e alimentação.
Levado ao oriente por um empresário chinês, o brasileiro teria de cumprir um contrato de dez meses, mas, ao final do segundo mês, pediu para voltar ao Brasil, pois não conseguiu se adaptar à vida na China. Irritados, seus patrões prometeram lhe dar apenas a passagem de volta. No dia em que Maurício Cogo iria recebê-la, porém, uma funcionária do escritório do empresário alegou que o bilhete havia sido roubado.
Dias depois, o treinador conseguiu uma nova passagem. Por precaução, decidiu passar o número a uma das embaixadas brasileiras na China, temendo que algo perigoso pudesse acontecer. A partir daí, passou a ter total amparo do Itamaraty, que estaria tentando o `resgate' de cerca de 20 atletas brasileiros - todos com problemas de moradia e suposto confisco de seus passaportes.
O caso de Maurício Cogo, no entanto, é diferente. Surgiram boatos de que ele seria um desses atletas (o que não é verdade), além de que o Itamaraty teria levado seis meses para resgatá-lo, pedindo até ajuda a membros do Partido Comunista Chinês - outro fato inverídico, já que Cogo ficou apenas dois meses no país.
Apesar de aparentemente não ter vivido em regime de semi-escravidão, o treinador deve prestar esclarecimentos em Brasília sobre o que está acontecendo de fato com alguns jogadores brasileiros na China. Um dos maiores interessados no assunto é o senador Romeu Tuma (PFL).