Brasília - O depoimento do treinador Wanderley Luxemburgo à CPI do Futebol acabou na tarde desta quinta-feira, mas os senadores entendem que o treinador ainda continua devendo algumas explicações. O ex-técnico da seleção brasileira depôs por cinco horas, deixando alguns pontos obscuros sobre sua vida.
O principal deles é agenda que tem a letra de Luxemburgo e traz, segundo o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), informações privilegiadas sobre transações no futebol.
Por causa dessa agenda, entregue à Comissão por Renata Alves, a CPI deve fazer uma acareação entre Luxemburgo e sua ex-secretária no ano que vem, já que o cronograma para 2000 está fechado.
No final da sessão, a Polícia Federal colheu algumas assinaturas de Luxemburgo para fazer a análise técnica da agenda. Todas com seu primeiro nome com as letras V e I, e não W e Y, pois é assim que é seu nome verdadeiro, de acordo com sua certidão de nascimento de 1952. Além disso, a CPI ainda vai investigar mais alguns documentos, que podem propiciar outras acareações entre o treinador e algumas pessoas que fizeram grandes depósitos em suas contas bancárias e que ele não soube explicar quem são. No total, o técnico não conseguiu precisar a origem de 36 cheques.
Outro ponto do depoimento que ficou sem explicação foi a diferença de mais de R$ 10 milhões entre o que Luxemburgo declarou à Receita Federal (R$ 8.503.709,82) e o que consta na sua conta bancária (R$ 18.822.076,36) entre 95 e 99. "Sou uma pessoa muito desorganizada. Tenho espírito de jogador de futebol: sou organizado em campo e desorganizado nas contas", justificou o treinador, assim que acabou seu depoimento.
Luxemburgo ainda disse, em entrevista após o sessão no Senado, que ficou satisfeito. "Estou muito tranqüilo com meu depoimento. E esses 10 milhões que falam são transações do meu dinheiro, de uma conta minha para outra", revelou o treinador. Mas, quando ficou sabendo dessa declaração, o senador Althoff rebateu na hora: "Isso não é verdade. Essa diferença são movimentações de terceiros".
No caso dos empresários que tentariam interferir na convocação de jogadores para a seleção brasileira, Luxemburgo sustentou que foi procurado por apenas um, que, segundo ele, se identificou apenas como Vadinho. Por isso tudo, o presidente da Comissão, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), fez a seguinte declaração no final do depoimento: "A CPI não se dá por satisfeita com as explicações do senhor Vanderlei Luxemburgo."