Brasília - A CPI do Futebol no Senado começa a correr atrás de elos de ligação entre dirigentes, jogadores e técnicos de futebol com o crime organizado. Os primeiros indícios constam do relatório final da CPI do Narcotráfico, divulgado nesta quarta-feira.
Campinas esteve no foco das investigações durante a CPI do Narcotráfico. A cidade foi sede da comissão durante semanas. No relatório final, aprovado nesta quarta-feira, 56 pessoas foram indiciadas na região. Entre elas está o ex-presidente do Guarani, Beto Zini, acusado de receptação de cargas roubadas e lavagem de dinheiro. Beto Zini é a figura central da investigação que a CPI do Futebol deve fazer, segundo pede o relatório da CPI do Narcotráfico.
O técnico Wanderley Luxemburgo também está na mira das investigações. Nos dados da quebra do sigilo bancário do ex-treinador da seleção brasileira, existe um depósito na conta da empresa Compugraphics, indiciada pela CPI do Narcotráfico por lavagem de dinheiro. Segundo a comissão, Luxemburgo depositou um cheque de R$ 200 mil na conta da empresa. No seu depoimento, há uma semana, ele disse que não lembrava do que se tratava o cheque.
Nesta quarta-feira, os advogados de Luxemburgo disseram que o dinheiro era o pagamento de um empréstimo para o jogador Edmundo. Edmundo confirmou o empréstimo, mas não sabe se o depósito foi feito na conta da Compugraphics. Segundo o relatório da CPI do Narcotráfico, a empresa teve movimentação financeira de mais de R$ 1 bilhão no último ano.
"Vamos investigar qual foi realmente a razão da existência desse cheque", disse o relator da CPI do Futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC)
Advogado - Outro elo entre as duas CPIs é o advogado Artur Eugênio Mathias, que defendeu Wanderley Luxemburgo no caso da manicure anos atrás, em Campinas. Durante seu depoimento na CPI do Futebol, o técnico não citou Artur como um dos advogados que participou de sua defesa no caso. Só admitiu que havia contratado o advogado depois que o senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que tinha essa informação.
O senador Tuma perguntou se Luxemburgo estaria escondendo sua ligação com Artur por causa da suposta ligação do advogado com o tráfico de drogas. O treinador negou, disse que havia esquecido de Artur e depois lembrou que foi apresentado ao advogado pelo filho de Beto Zini. De acordo com o relatório final da CPI do Narcotráfico, Artur era o responsável pelo esquema jurídico da quadrilha de crime organizado do empresário Willian Sozza. Foi indiciado pela comissão por narcotráfico, crime organizado, roubo de cargas, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
A CPI do Futebol deve receber cópias do relatório final da CPI do Narcotráfico, além de documentos da quebra de sigilo bancário de Beto Zini e outros envolvidos. Outro esportista indiciado foi o piloto Xandy Negrão, acusado de envolvimento no esquema de roubo de cargas.