Fortaleza - A reação de Fábio Pinto quando o vôo 1182 da Transbrasil pousou no Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, terça-feira à tarde, resume bem o que foi a viagem do Inter. “Acho que agora chegamos à Europa”, ironizou, 10 horas depois de ter começado, no Beira-Rio.
Antes de tudo, a viagem foi um teste de paciência para os jogadores. Na fase negra que atravessa o Inter, não é a melhor coisa a se fazer trancafiar-se em um avião para atravessar o Brasil. Como não havia outra saída, a delegação acordou às 5h na concentração e embarcou em Porto Alegre às 7h30min. A chegada a Fortaleza estava prevista para ocorrer às 13h. Só que os atrasos na conexão em São Paulo e na escala em Brasília retardaram em duas horas o desembarque. Apesar disso, o time realizou na chegada um treino desintoxicante na praia.
O desconforto de uma longa viagem acabou derrubando quase todos. Hiran, 1m98cm e 100 quilos, mal conseguiu acomodar-se na poltrona. Ainda se recuperando de uma cirurgia na coluna, não teve dúvidas. Pediu para o centroavante Marco Aurélio desocupar o banco à sua frente, dobrou-o e dormiu longos minutos curvado, como se estivesse alongando os músculos das costas. Depois, espalhou os pés e seguiu seu sono. “É muito apertado para mim, estou com dores nas costas”, queixou-se ele, que recentemente fez uma cirurgia na coluna.
Poucos não foram derrubados pelo cansaço. O meia Tim distribuiu autógrafos, conversou com passageiros e foi um dos poucos que ouviu todo o show acústico do Barão Vermelho disponível no telão da aeronave. Leandro Tavares leu todos os jornais que entraram no avião em cada escala e ainda traçou as revistas Veja e Placar. O paraguaio Espínola gastou o tempo conversando com repórteres rememorando passagens da queda do ditador Alfredo Stroessner.
Sentado mais à frente, o técnico Cláudio Duarte, usando tons de marrom, lia concentrado um livro de auto-ajuda. O título da obra era sugestivo: Realize o Impossível. O autor: João Paulo Medina, coordenador técnico do clube.