Rio - Uma cebola. Esta é a arma secreta do Americano para se manter com a melhor defesa da Taça Rio, tendo levado apenas seis gols nas sete rodadas do turno. O bulbo já entrou em campo duas vezes, contra Vasco e Flamengo, os times de Romário e Edílson, respectivamente. É que o zagueiro Marcão, do Americano, gosta de se impor diante de goleadores consagrados marcando-os com hálito de cebola. ''E ele come a cebola dentro de campo. Ele a esconde no meião'', entrega o técnico Luís Antônio Zaluar, que se diverte com seu zagueiro-revelação, de 21 anos.
É claro que para ter seu perfume mais bem apreciado, Marcão dialoga com os atacantes adversários. Com Romário, por exemplo, ele nem teve que puxar conversa. ''O Romário fala muito dentro de campo. Quando ele veio jogar aqui, no começo do jogo, ficou comentando que a reforma do estádio tinha melhorado muito o Godofredo Cruz.'' Foi a deixa para Marcão interrompê-lo: ''Olha aqui, seu Romário: não fica tentando me fazer de bobo não, viu? Sabe quanto eu ganho por mês? Cento e cinqüenta real. Sabe quanto é o bicho hoje? Cinco mil real. Se você ficar de gracinhas, vai sair do campo direto pra aquela ambulância ali.''
Romário reagiu com espanto: ''Que é isso, negão?! Tá maluco?'' Depois se afastou daquele mau hálito e, coincidência ou não, pouco apareceu na partida, que acabou em empate de 1 a 1.
Com Edílson, a tática foi a mesma. Apesar de ganhar mais do que R$ 150 de salário e pelo menos dez vezes menos do que R$ 5 mil de bicho, Marcão fez mais do que manter seu discurso acebolado: espanou uma bola no começo do jogo e deixou o pé subir quase até o nariz do artilheiro rubro-negro. Depois, foi só caprichar no bafo. ''Ô, Edílson, não vem com essa coisa de capeta, não...'' Mais uma vez, coincidência ou não, o atacante do Flamengo sumiu na partida, em que o Flamengo saiu de Campos derrotado por 2 a1.
''Acho que ele se impressionou com o Marcão. O que é muito engraçado, porque Marcão é um bebezão, incapaz de fazer mal a alguém, além de ser bem divertido'', comenta Zaluar.
O zagueiro tem sido um dos destaques do Americano. É muito veloz e tem bom preparo físico. Aliás, Marcão nem precisaria de cebola para se impor. O corpanzil do menino já intimida. Para se ter uma idéia, a criança tem mais de 40 centímetros de panturrilha, quase meio metro de circunferência.
Quanto à cebola, Marcão só a coloca em sua dieta nos dias de grandes jogos. Nos treinamentos, ele prefere saborear bananas. ''O pessoal até o segura quando servimos bananas nos treinos. Os jogadores dizem que, se deixarem ele solto, não sobra banana para ninguém'', diz o técnico.