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Neto de Telê busca lugar ao sol na lateral direita
Sexta-feira, 04 Maio de 2001, 09h10
Atualizada: Sexta-feira, 04 Maio de 2001, 09h36

Diogo, de 19 anos, defende o Patrocinense e diz que aprendeu a lidar com a pressão de ter um avô ilustre no mundo da bola

Por Sérgio Roxo

São Paulo – Além de um herdeiro no banco de reservas, Telê Santana também pode ter um sucessor dentro das quatro linhas. Diogo, 19 anos, filho mais novo do técnico do Mamoré, Renê Santana, está tentando um lugar ao sol na lateral direita. Ele defende o Patrocinense, time que disputa o Módulo B (segunda divisão) do Campeonato Mineiro. Não é titular, mas está otimista em relação ao futuro.

Com idade ainda de júnior, Diogo admite que não foi abençoado por Deus com uma grande habilidade. “Mas procuro compensar com muita dedicação aos treinos para aprimorar a técnica.” O jeito de bater na bola foi ensinado por Telê quando o neto dava os seus primeiros chutes. “Ia sempre aos treinos do São Paulo e meu avô ficava me mostrando como dar um passe, um lançamento.”

Na época, ele viaja junto com o time e chegou a se tornar um são-paulino fanático. “Hoje não é mais a mesma coisa. Torço para o Atlético.” Mas na única vez em que os papeis se inverteram e o avô virou espectador, Diogo decepcionou. “Era infantil e estávamos jogando em Itabirito (cidade natal de Telê). Um jogador adversário me chutou e eu reagi. Acabei expulso. Tomei uma bronca, mas meu avô perdou porque nunca havia feito aquilo”, disse o lateral, que nasceu em 82, ano em que a Seleção Brasileira de Telê foi eliminada pela Itália nas quartas-de-final da Copa do Mundo.

O fato de ser neto de um dos maiores treinadores do Brasil nem sempre ajudou Diogo, que começou a jogar aos 14 anos no infantil do Atlético-MG. “Quando tinha uns 16 anos, pensei em parar de jogar. Não sabia lidar com a pressão. Pensava que só estava nas equipes porque era neto do Telê.” O desânimo e algumas contusões levaram Diogo a deixar o Atlético-MG e passar vários clubes: Uberlândia, América, Cruzeiro, Malutron e Feynoord.

As conversas com o pai o fizeram mudar de idéia. “Falei que me arrependia muito por não ter sido jogador e que isso não podia acontecer com ele”, afirmou Renê. A ajuda não ficou apenas nas palavras. O pai levou o filho para a Patrocinense, onde era treinador, no ano passado e também recomendou que mudasse de posição. Até então, Diogo era atacante, chegou também a ser meia, posição do pai e do avô.

A ascendência ilustre não garante privilégios dentro do time do interior de Minas. O neto de Telê vive no alojamento do clube na cidade Patrocínio juntos com os demais jogadores. Abandonou os estudos no segundo grau e procura se dedicar o máximo possível ao futebol. Para se precaver de um indesejado, mas não descartado fracasso no mundo da bola, faz um curso de informática e garante que pretende voltar para a escola.

Redação Terra


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