São Paulo – O brasileiro Tarso Marques, da Minardi, admitiu nesta quarta-feira que pode perder o emprego na equipe italiana a qualquer momento. Há cerca de um mês começaram a circular informações de que ele seria substituído no time do australiano Paul Stodart mas, até agora, a escuderia ainda não se pronunciou oficialmente. O objetivo seria trocá-lo por um piloto que tenha patrocinadores capazes de injetar mais dinheiro para desenvolver o carro.
Em entrevista distribuída por sua assessoria de imprensa, Tarso Marques fala que seu contrato é de um ano, mas admite a possibilidade de ser rescindido a qualquer momento. “O contrato que tenho com a Minardi é de 1 ano, renovável por mais um. Paul Stoddart, um dos sócios da equipe italiana, contratou-me, mas pode, evidentemente, substituir-me a qualquer momento, assim como é feito com qualquer pessoa que esteja empregada em uma empresa, por exemplo. O importante é que as cláusulas da rescisão do contrato sejam respeitadas.
Veja a seguir a entrevista do piloto distribuída por sua assessoria:
Por quê a Minardi o escolheu sem levar patrocinador para a equipe?
Quando eu fui convidado, no começo da temporada, para guiar o Minardi, o Morbidelli já estava lá, com um grande patrocínio disponível. Havia também outros. Creio que me escolheram – mesmo sem ter conseguido levar patrocínio para a equipe –, pois queriam alguém com um perfil como o meu para auxiliar o Fernando Alonso.
Que avaliação você faz do futuro profissional do seu parceiro de equipe, Fernando Alonso?
É um rapaz de grande potencial, com o qual me dou muito bem. Creio que ele terá um grande futuro na sua carreira, pois conta com o apoio total do Paul Stoddart e também do Flavio Briatore, atual diretor da Benetton Renault.
E sobre o seu futuro, o que você pode dizer?
É impossível prever, pois na Fórmula 1 ninguém sabe da história completa. Eu estou fazendo apenas o trabalho para o qual me contrataram, que é o de orientar o Fernando em todos os sentidos, principalmente técnico – uma área sobre a qual ele não tem muito conhecimento. Se reconhecerem que estou cumprindo a minha parte, pode ser que tenha alguma chance na própria Minardi. Caso contrário, buscarei outra equipe. Aliás, nunca tive problemas em encontrar um time para competir, mesmo sem oferecer patrocinador.
Você pode traçar um perfil do seu desempenho na F-1
O meu desempenho tem sido de acordo com o equipamento que me fornecem, e a equipe sabe disso porque senão já teria substituído-me por um desses cinco que estão constantemente oferecendo dinheiro. Creio que o projeto da equipe está mais voltado para o final do campeonato, ou seja, na tentativa de incluir a Minardi entre os dez melhores times da temporada. Isso representaria para a equipe um retorno financeiro muito maior do que qualquer piloto pode trazer de patrocinadores pessoais. Se me substituírem antes do final da temporada, certamente estariam desistindo da idéia inicial de terminar entre os dez melhores. Talvez isso até possa acontecer porque a Prost, a Benetton e a Arrows cresceram muito nas últimas corridas e, agora, ficou bem mais difícil conseguir um ponto salvador para a Minardi.
Você acha que mudar de equipe traria problemas à sua carreira de piloto?
Sou um piloto profissional há muitos anos, e sempre fui respeitado em todos os times pelos quais passei, como a Minardi em 96/97 – que me contratou novamente –, a Penske, a Swift, e outros sem contrato assinado. Não creio que teria problemas em estar em uma nova equipe. Todos sabem das dificuldades que enfrento correndo com o segundo carro de uma equipe pequena, que não tem recursos. Todos sabem que até agora só pude dar 30 voltas de treino fora da corrida. Qualquer outra equipe programa de 2 a 4 dias de treinos especiais nos intervalos entre os GPs para melhorar o desempenho de seus carros.
Como você reage aos comentários de que Fernando Alonso teria melhor desempenho na F-1 do que você?
Muitos pensam que F-1 é apenas esporte. Isso é um engano. A F-1 é um grande negócio baseado em esporte. Tudo o que interessa é o resultado financeiro. A competição é um meio de se obter mais dinheiro. Na F-1 tudo é excessivamente caro. Para uma equipe como a nossa, tudo representa muito, pois a Minardi não tem nenhum patrocinador significativo, fora o que o Fernando trouxe, e o dinheiro que o próprio Paul investe. Um sistema de freio custa mais de US$ 50 mil. Se só temos um, onde vai parar? Se desenvolvem um novo aerofólio, fazem primeiramente um. Pra quem vai? Assim acontece também com os amortecedores, o melhor motor, o melhor sistema eletrônico. No final, tudo isso pesa...