Rio - O ex-presidente do Flamengo Antônio Augusto Dunshee de Abranches prestou depoimento nesta terça-feira na CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, e complicou a vida do atual presidente do clube, Edmundo Santos Silva. O depoimento de Dunshee trouxe à tona a possibilidade de toda a contabilidade do Flamengo estar ilegal.
Dunshee foi depor com o objetivo de explicar a existência de uma conta nas Ilhas Caymã. Porém o dirigente começou a falar sobre uma conta que ele abriu em 1982, quando estava à frente da presidência do Flamengo. Esta conta foi aberta em Nova York com a quantia de US$ 300 mil (aproximadamente R$ 1 milhão) proveniente de cotas de amistosos no Japão.
O problema foi que nem Edmundo e nem a auditoria feita pela empresa Delloit acusaram a existência desta conta, que existe atualmente com US$ 908 dólares (aproximadamente R$ 2,3 milhões). Sobre a conta nas Ilas Caymã Dunshee não soube esclarecer nada.
Agora, os senadores acreditam que a contabilidade do Flamengo está toda equivocada, pois uma conta destas interfere em vários documentos, como a declaração de imposto de renda do clube.
Dunshee teve que explicar o porquê da conta de Nova York não constar nos registros do Banco Central (BC). O dirigente, que também é advogado, disse desconhecer o fato de que era obrigado a comunicar a existência desta conta ao BC. Sobre os senadores não terem tomado conhecimento da conta, Dunshee disse que a Delloit pode ter cometido um erro na auditoria que fez no clube.
Para o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da Comissão, Dunshee cometeu uma irregularidade, pois ao deixar o BC alheio a esta conta, feriu o decreto 9.025, que rege as operações cambiais no Brasil.
“Cabe exatamente ao presidente Edmundo Santos Silva explicar o porquê desta conta em Nova York não constar na contabilidade do clube. O Dunshee cometeu uma irregularidade ao não registrar esta conta no Banco Central”, afirmou Althoff.
Na próxima quarta-feira, dia 10 de outubro, Edmundo Santos Silva vai prestar depoimento na CPI do Senado.