Rio - O ex-presidente do Flamengo Kléber Leite prestou depoimento nesta quarta-feira na CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, e acabou complicando a vida do atual presidente rubro-negro, Edmundo Santos Silva. Após o depoimento de Kléber, a CPI passou a se interessar na forma como a empresa de Marketing suíça ISL foi escolhida parceira do clube carioca.
Parte do depoimento de Kléber Leite foi secreto e justamente aí que ele complicou a vida de Edmundo. Os senadores não sabiam nada sobre outras propostas de parceria que o Flamengo recebeu antes de acertar com a ISL. Além disso, Kléber revelou que o contrato previa que a ISL tinha direito a 77% do que fosse arrecadado com a parceria com o Flamengo, sendo os outros 23% de direito de uma outra empresa, cujo nome não foi revelado por Kléber. O ex-dirigente disse que, com a falência da ISL, esta outra empresa vai acionar o clube na Justiça.
Sobre a conta que o Flamengo tinha nas Ilhas Cayman, Kléber confirmou que movimentou cerca de US$ 8 milhões (aproximadamente R$ 20 milhões) nela entre 1995 e 1998. Mas o ex-dirigente assegurou que não sabia que se tratava de uma conta que tinha sido aberta de forma ilegal pelo ex-presidente Antônio Augusto Dunshee de Abranches. Movimentar esta conta no clube, segundo Kléber, era uma tradição, pois nenhum presidente que assumiu depois de Dunshee sabia que ela era ilegal. A conta foi fechada na gestão de Edmundo e Kléber não soube dizer que fim levou o dinheiro que estava depositado nela.
O ex-presidente não soube responder nenhuma pergunta sobre o envolvimento do Flamengo com a Brazilian Soccer, que só começou na gestão de Edmundo. Mas ele teve que responder sobre as diversas negociações feitas pelo Flamengo na sua gestão. Kléber revelou que o Flamengo, entre 1995 e 1998, contratou 34 jogadores e negociou 31. Os documentos apresentados por ele sobre estas transações foram considerados satisfatórios.
No fim da sessão o relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), disse que o depoimento de Kléber foi muito proveitoso e que Edmundo terá muita coisa para explicar no seu depoimento, marcado para o dia 30 de outubro. “O depoimento do Kléber nos deu a oportunidade de vermos algumas questões até então desconhecidas, como esses dados sobre a ISL, que não eram do nosso conhecimento. Além disso, o Edmundo terá que explicar a sua relação com esta conta no exterior”, afirmou Althoff.