São Paulo - A receita para um título mundial de futebol na versão Luiz Felipe Scolari inclui padrão de jogo variável de acordo com os adversários, uma organização logística impecável, treinamentos físicos individualizados, convocação oficialmente sem vetos e uma atitude vencedora.
Coloque tudo isso numa panela de jogadores amigos do técnico, acrescente uma pitada de liderança dentro de campo e corra para o abraço.
Detalhe: alguns ingredientes podem ser substituídos. Se você não tiver um líder nato como Dunga, em 1994, é possível formar um substituto.
``Quando tu não tens um líder, tenta fazer um. O Émerson já é líder dentro da Roma, e também é uma pessoa bem ouvida na Seleção. O Roque Júnior é um jogador muito inteligente, culto, mas tem que saber se ele quer (ser líder)'', afirmou.
``Tem jogadores que não foram chamados porque vinham de lesão e que têm uma liderança fantástica, como é o caso de César Sampaio''.
94 NO LUGAR DE 70 - O time será, como todos já sabem, inspirado na Seleção do tetra, de Dunga e Romário, e nunca na do tri, de Pelé, Tostão, Gérson e Rivelino. ``A determinação e o trabalho do (técnico Carlos Alberto) Parreira em 94 devem ser enaltecidos para o resto da vida. Ele mostrou o que é ser determinado dentro de um esquema e acreditou em seu trabalho”, disse.
Parreira conquistou o tetra na Copa dos EUA sem mudar o esquema de jogo durante o campeonato e sem interferir na liberdade de Romário. Felipão dificilmente levará o artilheiro e deve variar esquemas táticos durante o Mundial.
``Vai depender do posicionamento do adversário. Se tenho jogadores que possam mudar de características -- por exemplo, um que seja terceiro zagueiro mas possa jogar como volante -- vou trabalhar isso durante os treinos. É provável que tenha mais que 11 titulares, mas se conseguir achar 11 jogadores com alternativas táticas... vou manter (o time)”, falou.
Romário adoraria tentar mais um título e se encaixaria perfeitamente no esquema de preparação física individualizado que Felipão quer adotar.
``Vamos fazer um trabalho quase que pessoal ou para grupos de quatro ou cinco jogadores. Teremos atletas que vão jogar até o dia 12 (de maio). Eles estarão esgotados fisicamente e até mentalmente, e aí entra um trabalho de manutenção, de inteligência, para colocá-los em boas condições'', afirmou.
Alguns lamentam que o Baixinho polêmico não faça parte da ''panelinha'' do Felipão. Os amigos fiéis terão prioridade na convocação para um grupo de 23 jogadores dos quais ``15 ou 16 já estão escolhidos''.
Luiz Felipe acha que só um time de irmãos pode ir, ver e vencer. ``As equipes que têm um bom grupo, sem estrelas, bem organizadas, estão chegando na frente, e nas seleções também acontece isso... é preciso doação do atleta para o companheiro, para a equipe. Tem que formar uma família. Em termos de clube, a gente chama isso de panela."