São Paulo - Depois da classificação sofrida para o Mundial, conquistada no último jogo contra a Venezuela, e uma temporada de entrevistas, Luiz Felipe já não tem mais segredos. Nem tabus.
Nas questões mais óbvias, convocação e adversários, ele traz respostas politicamente corretas na ponta da língua: ''(Romário) está entre os atletas que estão sendo observados''.
Sem querer causar polêmica, ele negou a existência de veto contra o jogador. ``Se eu tivesse veto (contra algum jogador), o Edílson não estaria comigo'', disse ele, referindo-se aos desentendimentos que teve com o jogador quando era técnico do Palmeiras e Edílson estava no Corinthians.
O nome de Ronaldo desperta mais simpatia do treinador mas nem por isso o Fenômeno recebe uma resposta fora do arroz com feijão. ``Ele tem que jogar mais'', disse Felipão, afirmando que Ronaldo poderá ser convocado ``para um ou outro amistoso''. ''Depois de dois anos parado, temos que esperar'', admitiu.
É utopia imaginar que o técnico da Seleção tenha alguma intenção de brindar o mundo com o mesmo futebol que o Brasil saboreia nas finais do campeonato brasileiro.
``Jogar alegre é para quando se tem o resultado, porque quando não tem, como é que vai jogar alegre? Jogar para perder não existe. Se em determinado momento para atingir o objetivo tenho que jogar feio, vou jogar feio. O objetivo da Copa é ser campeão''.
Nem os jogadores São Caetano ou do Atlético-PR merecem o gostinho de sonhar com a Copa. ``Para convocar jogadores do São Caetano temos que examinar bem. Se tirarmos essa peça fora do conjunto, ela tem condições de jogar na Seleção?'', pergunta ele, lembrando que duas das estrelas do time do ABC no ano passado -Adhemar e Claudecir- não repetiram o sucesso quando foram negociados.
BATER OS GRANDES
Felipão acredita que a estratégia da vitória deve ir além dos adversários da primeira fase -- Turquia, China e Costa Rica -- e já faz a lista dos ``times grandes'' que se alinham entre o Brasil e o título. ``Para ser campeão, é preciso ganhar de França, Argentina, Inglaterra. No mínimo''.
Luiz Felipe dá pelo menos uma boa notícia aos torcedores quando analisa o caminho da Seleção na primeira fase da Copa. ''Na Copa do Mundo, não dá para esperar o último jogo para se classificar''.
``(Mas) nós temos respeito pelas equipes que vamos enfrentar na primeira fase. A Turquia cresceu muito nos últimos sete, oito anos. A China é treinada pelo Bora Milutinovic, que tem um conhecimento espetacular, e classificou para a segunda fase todas as seleções que levou ao Mundial'', diz, acrescentando que a Costa Rica tem um futebol parecido com o que é jogado no Brasil, com bom toque de bola.
Para uma torcida que sofreu humilhações históricas na fase de classificação e que nunca viu um time treinado por Scolari praticar um futebol vistoso, a chegada da Copa anuncia uma temporada de muito sofrimento e paciência monástica.