Rio de Janeiro - O ex-jogador brasileiro Zico considera que o "grande erro" de Pelé, que gerou um escândalo por desvio de verba, foi sua decisão de promover uma lei que obriga os clubes a se transformarem em empresas, apesar de ser proprietário de uma firma de marketing esportivo.
"O clube virava empresa e a empresa de Pelé intermediaria a transformação. Não pode. Legalmente pode até ser admitido, mas moralmente não", disse o maior ídolo do Flamengo em uma entrevista publicada pela revista Placar, na edição que circula nesta quarta-feira.
Na entrevista, Zico se referiu à lei que Pelé aprovou, como ministro de Esportes do Brasil, para profissionalizar os clubes de futebol, o que considerou incompatível com o fato de o considerado "rei" do futebol ser proprietário de uma das maiores empresas de marketing esportivo.
A empresa "Pelé Sports & Marketing" foi a destinatária de US$ 700 mil dólares desembolsados por um banco para uma festa infantil que o Unicef ia promover em 1995, em Buenos Aires, e que jamais foi realizada.
Pelé negou, em princípio, saber do assunto e garantiu depois que não cobrava "um centavo" ao organismo da ONU por suas campanhas mundiais em favor da infância.
Documentos descobertos pela imprensa comprovaram a entrada do dinheiro, e Pelé acusou um de seus sócios pela irregularidade.
A lei esportiva citada por Zico foi tramitada no Congresso em 1998, quando Pelé ocupava o cargo de Ministro de Esportes.
Zico assegurou que essa lei deu margem aos comentários que ele (Pelé) legislou em causa própria. "Eu não daria uma oportunidade dessas", disse.
O ex-jogador do Flamengo também manifestou sua incredulidade com o fato de Pelé, como proprietário de uma empresa à qual deu seu nome, não saber exatamente o que estava ocorrendo no interior dela.