Paris - O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que a Copa do Mundo deste ano, que será disputada no Japão e na Coréia do Sul, será "duas vezes mais cara do que o previsto".
A dupla sede faz com que "tenhamos os faturamentos de uma Copa do Mundo e as despesas de duas", disse Blatter em uma entrevista publicada hoje, quarta-feira, pelo jornal econômico francês "La Tribune".
No entanto, acredita que a dupla organização apresenta vantagens, como a de que "Japão e a Coréia estarão no centro do mundo durante um mês", uma resposta às duras críticas do vice-presidente da Fifa, Michel Platini.
Sobre o dinheiro que a Fifa destinará a esta Copa, Blatter disse que, "teoricamente, no orçamento original apresentado em Los Angeles em 1999, foi previsto um investimento de 515 milhões de euros, mas esse valor deve ser mais alto".
"A falência da ISL (antiga proprietária dos direitos comerciais da Fifa) nos obrigou a financiarmos o funcionamento do sistema informático, o que nos custará 102 milhões de euros a mais", disse o presidente da Federação.
Ele disse também que, do orçamento para a Copa do Mundo, "transferimos 230 milhões de euros aos comitês de organização" e "nos encarregamos das despesas dos 32 países participantes e do pagamento das gratificações".
Depois de considerar que o lucro previsto, de 166 milhões de euros, "provavelmente" não será alcançado, Blatter disse que há "duas fontes principais" de faturamento, os direitos televisivos e o patrocinio.
Quanto às receitas da televisão, disse, "temos uma garantia de 890 milhões de euros, no mínimo. Esta garantia não basta e a Kirch (possuidor dos direitos de televisionamento da Copa Coréia-Japão 2002 e da Alemanha 2006) cumpriu com todas as obrigações, mas a soma dos ganhos será reduzida devido aos 75 milhões de euros desviados por diretores de ISL".
Com respeito os direitos de marketing, disse que a Fifa deveria faturar em torno de 340 milhões de euros no período 1999-2002.
Segundo Blatter, depois da quebra da ISL, a Fifa perdeu 35 milhões de euros, mas, em função dos lucros que poderiam obter, a redução chega a 204 milhões.
O presidente da Fifa também se referiu à rescisão do contrato por parte da asseguradora AXA, depois dos atentados de setembro nos Estados Unidos.
"Encontramos outra seguradora, a National Indemnity Company, a quem pagamos 17 milhões de euros pela apólice", disse Blatter, que revela que a empresa não cobre os riscos de cancelamento em caso de terrorismo ou de guerra.
Sobre qual é o impacto econômico de uma Copa, Blatter respondeu que globalmente esta competição tem "uma audiência televisiva acumulada de 37 bilhões de espectadores (...) Se todo mundo pagar 1,5 dólar por partida para consumir pipoca ou chocolate o volume de negócios chegaa 55 bilhões de dólares".
Segundo o "La Tribune", a Copa do Mundo 2002 deveria gerar um volume de negócios de cerca de 1,3 bilhão de euros, mas as despesas de preparação e a quebra da ISL vão limitar o faturamento. EFE