Rio - A realidade do mundo do futebol era apenas um sonho para o menino Taílson. Nas ruas de Nossa Senhora da Glória, no Sergipe, ele batia de porta em porta na vizinhança; não para recolher as bolas chutadas, mas sim para pedir comida para ele e os irmãos.
"Passei muita fome. Dos 10 aos 12 anos, trabalhava dez horas por dia em troca de um simples almoço. Fiz queijo, trabalhei no roçado e em outras coisas. Mas sofri muito", diz o atacante, revelando nunca ter sonhado em se tornar jogador de futebol profissional.
"Jogava peladas nas ruas, mas não imaginava o que eram os estádios lotados, os grandes times. Naquela miséria, vivia em outra sintonia", afirmou, relatando a primeira oportunidade que teve para crescer no futebol.
"Um olheiro do Dorense, time da minha cidade, me observou quando jogava uma partida na rua. Ele gostou do meu futebol. A partir daí comecei a sonhar em ser jogador", confessa.
Taílson não fala de seu passado com remorso, ou tristeza. O tom de suas palavras parece vir acompanhado de uma sensação positiva.
"Apenas o fato de ser jogador de futebol é a realização de um sonho. Quem já passou fome e teve que mendigar comida no sertão sabe do que eu estou falando. É uma vitória conquistada", orgulha-se o atual camisa 7.
Desde o início de 2001 defendendo o Botafogo, Taílson não esconde a paixão pelo Rio. Após a profissionalização no Bahia, ele rodou por São Paulo, Japão e Portugal, países que jamais pensou existir em sua infância. Mas sempre vislumbrara a chance de morar na Cidade Maravilhosa.
"Quando pequeno, era uma realidade distante morar no Rio. Depois que me tornei jogador, via com bons olhos jogar nesta linda cidade. E estou feliz".