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Luxemburgo quer entrar para a política
Segunda-feira, 01 Abril de 2002, 23h13
Atualizada: Segunda-feira, 01 Abril de 2002, 23h53

Agência Lance

São Paulo – Em entrevista concedida no seu restaurante (La Venu, antigo Bar do Elias), vizinho ao Parque Antarctica, o atual treinador do Palmeiras, Wanderley Luxemburgo, fala sobre a ótima fase do líder do Torneio Rio-São Paulo, problemas que enfrentou na CPI, dinheiro que o Corinthians ainda lhe deve, Seleção Brasileira e Romário, que ele não levou para a Olimpíada, mas de quem, agora, defende a ida à Copa. E faz uma revelação: pensa em entrar para a política.

Durante uma hora de conversa, Luxemburgo só pede duas pausas: quando a televisão exibe uma matéria sobre o volante palmeirense Magrão (“esse menino evoluiu muito”) e quando um dos seus três celulares toca (o técnico anda com três aparelhos de telefone: um para a família, um para amigos e negócios e outro para atender os jornalistas).

Às vésperas de completar 50 anos, Luxemburgo também mostra sua veia política. Fã do senador Roberto Freire (PPS-PE) e ex-garoto-propaganda do então prefeito de São Paulo Celso Pitta, o treinador confessa que pensa em ser candidato a vereador. Antes, porém, quer voltar a comandar a Seleção Brasileira.

O Palmeiras é o melhor time do Torneio Rio-São Paulo?

Luxemburgo: O melhor time tido pela imprensa e o que joga mais bonito no Brasil é o São Paulo. Agora, o Palmeiras é um time que está buscando o seu espaço. Estamos liderando a competição pois temos um elenco de qualidade.

Nas derrotas você costuma assumir porcentagem de culpa. Com o ASA você disse que 70% da eliminação era culpa sua. Agora, com o time na liderança, qual a sua porcentagem no sucesso?

WL: O comandante é comandante. Tudo que acontece de bom no futebol é porque os jogadores absorveram a mensagem passada pelo treinador. E quando acontece uma coisa ruim cabe a nós que comandamos segurar a responsabilidade.

Na sua chegada ao Palmeiras, você pediu alguns reforços. Uns vieram e outros não. Para o segundo semestre o time deverá perder o Alex e o Christian, que estão emprestados. Seu trabalho começa tudo do zero?

WL: Não quero pensar nisso agora. Tenho um grupo disputando competição. Mas em todo final de semestre existem mudanças. É normal.

É possível conquistar tantas competições em um curto espaço de tempo (Torneio Rio-São Paulo, Copa dos Campeões e Super Paulistão)?

WL: Já teve um ano em que disputei cinco competições em um semestre. É muito complicado e desgastante. Às vezes, a classificação para uma outra competição que ocorrerá no mesmo semestre é prejuízo.

Mas o torcedor não entende isso...

WL: O torcedor quer ganhar tudo. Eles acham que nós não temos sentimentos, desgaste físico. Um exemplo foi o jogo contra o São Paulo. Foi uma partida que mexeu muito com o emocional. É claro que mexeu com torcida e imprensa, mas marcou muito. Tanto é que pensei que iríamos perder para o Etti Jundiaí e não fomos muito bem.

Na década de 90 você foi um dos técnicos mais vitoriosos do futebol brasileiro. O ano de 2002 era o ano para o Luxemburgo estar colhendo os frutos na Seleção Brasileira?

WL: Eu me preparei para chegar a uma Copa do Mundo. Infelizmente, eu fui para lá (Seleção Brasileira) e me tiraram. Tudo o que fiz na carreira não valeu nada?

Mas você ainda pensa em voltar à Seleção Brasileira?

WL: Tenho uma ética muito grande, mas se amanhã ou depois o Felipão sair eu quero estar entre os nomes que podem assumir a Seleção.

A imprensa também teve uma grande culpa pela sua demissão?

WL: Não sei se foi a imprensa a maior culpada. Mas me tiraram de lá (Seleção Brasileira). Olimpíada o Zagallo também perdeu e continuou no cargo. Mas falaram muita coisa sobre minha vida. Que eu era ladrão e drogado. Até na CPI me jogaram.

Por que você levaria o Romário para Copa do Mundo e não o levou para os Jogos Olímpicos?

WL: A CBF tinha um projeto olímpico, de criar uma nova geração. O Brasil de 94 é o que começou em 1986 no sub-17. Por isso não levei ninguém acima de 23 anos. Agora é diferente. A Seleção Brasileira não tem um ídolo. O único ídolo no futebol brasileiro é o Romário. E em uma Copa, a Seleção Brasileira precisa de um ídolo.

Você tem um clássico contra o Corinthians pela frente. Quando saiu do Santos, teve problemas quando retornou à Vila (Luxemburgo foi recebido por uma chuva de moedas e coro de mercenário pela torcida santista). Agora você espera alguma reação adversa da torcida?

WL: A torcida do Corinthians me tratou sempre bem e queria que eu continuasse. O negócio do Santos houve interesse de alguns veículos de comunicação. Aquele menino lá, vou citar o nome dele mesmo, que cobre pela Jovem Pan, o Luciano Facciolli. O que ele fez na semana que eu fui jogar foi brincadeira. Não se faz.

Fora do Corinthians, como você vê essa situação da Hicks Muse saindo do Cruzeiro, o Dick Law saindo...

WL: O Dick foi trocado como troca presidente de empresa. A única coisa que eu quero deles é que me paguem o que me devem (três meses e meio de direitos de imagem). O resto não quero saber deles para mais nada.

Você é uma pessoa visada?

WL: Não. Fiquei muito exposto com o negócio da CPI. Todo mundo quer tirar uma casquinha. Acharam que eu era o grande vilão da história do futebol brasileiro e qualquer coisa é motivo para falarem de mim. Uma polêmica normal que começou com aquela menina, que eu achei que ela foi bastante sacana, quero que coloquem isso aí. Aquela Mari Futy. Ela pegou uma coisa que sabia que era mentirosa e colocou na revista Lance! A+). Aquilo tomou corpo. Era uma mentira e ela sabia. Ela colocou uma foto minha, que eu tinha aqui desde o tempo do Elias, em tom pejorativo, de sacanagem. Ela esqueceu que eu tenho família, que minha família conhecia a moça. Isso é sacanagem.

Este é um ano eleitoral. Como é o eleitor Luxemburgo?

WL: Não tenho partido. Me identifico com o político. Dos que eu vi nos últimos anos, gosto do Roberto Freire. É um político que evoluiu. Era de um partido de esquerda, radical, e foi revendo seus conceitos, pois os muros estavam desabando. Ele está aberto para conversar. Vou falar uma coisa, que sei que as pessoas vão me dar mais uma porrada, mas faz parte. Essa abertura toda que temos no país hoje, tem de agradecer a uma pessoa: o Collor. Ele fez coisas boas.

O que você acha de esportistas se candidatarem a cargos políticos?

WL: Acho que devem. Até já pensei nisso. Fui convidado na administração do Celso Pitta (ex-prefeito de São Paulo) para ser Secretário Municipal de Esportes, mas não era o momento.

Mas seria um cargo nomeado e não eleito pelo povo. Já passou pela sua cabeça se candidatar para vereador ou deputado?

WL: Penso sim. Mas isso é mais frente. Não é agora. Quero trabalhar muito tempo como treinador ainda.

L! Sportpress

 

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