A peculiar história de vida do líder religioso fez com que a pequena e conservadora comunidade lhe aceitasse em um segundo momento, com a ajuda do bispo, e pela falta de um padre. "Não foi tão fácil, mas o bispo logo disse que o padre Osmar teve uma família, tem uma filha e que havia se separado. Então no começo teve um pouco (de rejeição), mas logo o povo entendeu", afirma. "Sofreram na carne o que é estar sem padre, porque é uma referência e faz falta", diz.
Burille acredita que ter uma vantagem em relação aos seus colegas de batina por ter experiência no convívio familiar. "Realmente (experiência com a família) ajuda (...) Quando trazem os filhos, eles (os fiéis) dizem: 'padre esse filho não sei o que tem, dá uma benção, que eu não sei mais o que fazer', então eu respondo: 'mas como você está tratando ele? Se a gente tratar dessa forma, a
situação vai ser cada vez pior'. Sei que às vezes não é fácil, mas a experiência de ter sido casado ajuda", afirma.
Lembrando da família, seus olhos enchem de lágrimas ao falar da filha, Samara, que foi estudar em Porto alegre, e de quem ele se aproximou muito mais depois de assumir sua aspiração religiosa. "Antes (de ser padre) vivia uma vida muita agitada, às vezes não dormia, passava a noite inteira dirigindo e não tinha tempo de ficar com a minha filha", diz com a voz embargada.