As maiores diferenças entre o ambiente em uma nave espacial e qualquer outra embarcação na Terra são o banho de radiação a que se fica exposto fora da atmosfera terrestre e a microgravidade.
A ação da gravidade zero sobre o corpo humano é o que afeta mais os astronautas, especialmente os que ficam no espaço por longos períodos, conta a coordenadora do centro de gravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul (PUCRS), professora Thaís Russomano.
"O corpo humano é moldado pela gravidade, como se fosse uma massa de modelar. Temos os membros inferiores muito mais fortes do que os superiores para sustentar o corpo de pé, devido à ação da gravidade". Portanto, os primeiros músculos a se modificarem, em quem fica um bom tempo em órbita, são os das pernas.
Essas mudanças do corpo humano são um fator importante quando se pensa na dificuldade em chegar a Marte, explica Thaís: primeiro o corpo tem de se adaptar à gravidade zero, depois à força gravitacional de Marte, depois novamente ao espaço e, por fim, reaprender a sustentar nossa massa aqui na Terra.
Outro perigo para os astronautas em órbita são as infecções. Por isso, quem vai subir ao espaço sideral começa a reduzir o contato com outros humanos - amigos, família, por exemplo - já um mês antes. "É que a maioria das infecções tem um período de incubação de 7 a 14 dias. Assim é mais garantido evitar que alguém chegue espirrando lá em cima", conta Thais.
Thaís lembra que todas as secreções, com a gravidade zero, são tratadas com o máximo cuidado - urina e fezes, por exemplo, são sugadas imediatamente, para reduzir o risco de doenças na espaçonave.