A mulher que pode estragar a festa de Toledo no Peru
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Lourdes representa a direta peruana, mas tem votos em todas as camadas
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A candidata da aliança de direita Unidade Nacional, Lourdes Flores, pode atrapalhar o candidato favorito Alejandro Toledo e os planos dele de se converter, no próximo domingo, no novo presidente peruano, se conseguir uma votação histórica, que colocaria uma mulher pela primeira vez no comando do poder no Peru. Aos 41 anos esta advogada conservadora democrática-cristã ou social-cristã, como ela mesmo se define, lidera um conglomerado eleitoral, onde junto ao Partido Popular Cristão, ao qual pertence, também estão membros do Opus Dei, economistas ortodoxos neoliberais e um ambicioso sindicalista marxista.
Com uma experiência de 10 anos como parlamentar, Flores cresceu geometricamente durante a década que foi monopolizada pelo regime do presidente destituído, Alberto Fujimori, e na qual ela apareceu como opositora moderada ao autoritarismo e à economia de livre mercado. Ela estreou na política em 1987, opondo-se à abortada estatização bancária do então presidente social-democrata, Alan García, também candidato.
Flores teve um fulgurante crescimento dentro do partido, graças a seu mentor, o líder do Partido Popular Cristão, Luis Bedoya Reyes, e desde sua eleição para o Congresso construiu, entre 1990-2000, uma sólida reputação de incorruptível. Segunda colocada nas pesquisas, mas seguida de perto pelo ex-presidente Alan García, grande parte de seu sucesso se explica por ter captado o voto feminino, em um país onde a participação das mulheres na política adquiriu níveis inéditos nos últimos anos.
Flores representa uma autêntica ameaça às legítimas ambições de Toledo. Sua candidatura atrai, de acordo com as pesquisas, uma parte de todas as camadas sociais, e principalmente os setores populares que votavam em Fujimori. O fato de ser solteira não tem sido uma pedra no sapato de Flores, para que ela consiga estabelecer seu caminho em um terreno geralmente fértil para as mulheres que conseguem posições de destaque graças ao êxito de seus maridos ou ao se tornarem viúvas, herdando o sucesso dos companheiros.
A palavra feminismo a espanta, embora ela não se irrite. "Não sou antifeminista, sou não-feminista", disse recentemente ao Washington Post. E acrescentou: "A palavra feminista soa como uma mulher que está contra os homens". A revista Time e rede de televisão CNN a consideraram, em 1999, uma das revelações no campo de jovens líderes da América Latina para o novo milênio e agora ela está disputando o poder, em um país onde uma mulher jamais alcançou a presidência.
AFP
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