Filho de engraxate vira presidente do Peru
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Toledo foi principal opositor de Fujimori
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Alejandro Toledo Manrique, um típico peruano que nasceu na extrema pobreza, filho de engraxate, vendedor de jornais e pastor de ovelhas, que depois se formou em Economia nos Estados Unidos, tornou-se presidente do Peru. Ao 55 anos e ex-funcionário do Banco Mundial, Toledo concorreu pela terceira vez consecutiva à presidência, uma demonstração de persistência política que ele descreve como teimosia associada a sua origem andina (de um povoado na cordilheira peruana).
Toledo chama a si mesmo de "teimoso, índio e rebelde com causa", virtudes que foram determinantes em sua fulgurante carreira, e que agora o abriram as portas do poder. Foram essas características de sua personalidade que marcaram seus atos nos últimos tempos, que influíram em grande medida, segundo seus simpatizantes, no desmoronamento do regime do ex-presidente Alberto Fujimori, agora exilado no Japão.
Toledo sempre foi uma pedra no sapato de Fujimori e provavelmente deu as maiores dores de cabeça ao ex-assessor do presidente, o fugitivo Vladimiro Montesinos, que não conseguiu acabar com a reputação de Toledo através de campanhas de desinformação, como fez com outros adversários do governante nas eleições do ano passado. Os analistas destacam que Fujimori - que derrotou o premiado escritor Mario Vargas Llosa (em 1990) e o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Javier Pérez de Cuéllar (em 1995) - provavelmente jamais imaginou que um cholo (índio civilizado - mestiço de europeu e índia) como Toledo pudesse desempenhar um papel central na derrubada de seu regime.
Toledo tem o inconfundível perfil do peruano comum. De rosto com aspecto melancólico, nariz aquilino e de estatura menor do que a média dos que são chamados de cholo ou serrano, predominantes no país, sua imagem permitiu uma empatia com muitos peruanos. Por isso também é chamado de Choledo. Esse perfil deu para a sua campanha eleitoral uma aspecto étnico, em um país com racismo subjacente e que até a vitória de Fujimori só havia tido como governantes membros da elite branca, descendentes de europeus.
Toledo fez doutorado em Economia na Universidade norte-americana de Stanford e também estudou em Harvard. Seus adversários o acusam de se apresentar como a reencarnação do império dos Incas e que em seus atos políticos ele é chamado de Pachacútec, que foi um dos incas mais importantes do Império de Tawantinsuyo. Diversas críticas se dirigem contra sua mulher, a franco-belga Eliane Karp, acusada de acentuar o clima racista quando disse em um discurso em uma cidade andina que "os apus (sacerdotes incas) falaram e finalmente se romperá a maldição de 500 anos e veremos um governante cholo, queiram ou não".
Setores opostos à sua candidatura voltaram a falar, durante a campanha eleitoral, sobre o caso de uma menina de 13 anos, que alegam que seria sua filha fora do casamento, e pediram que seja realizado um exame de DNA para esclarecer o fato. Toledo negou a paternidade e disse que se submeteria ao teste. Outra recente denúncia da imprensa também o acusou de ter consumido cocaína há dois anos.
Segundo Toledo, nos tempos do ex-assessor Montesinos ele foi "seqüestrado, sedado, e possivelmente drogado, para ser fotogrado em situação comprometedora e depois ser chantageado". Esse é um incidente sobre o qual poucos detalhes foram fornecidos. Porém, a principal crítica que ele recebe é contra sua persistente recusa em debater com seus adversários. Esse pedido é dividido por diversos setores da opinião do país.
AFP
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